Recentemente vimos o episódio da ginasta norte-americana Simone Biles que desistiu das disputas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, isso trouxe à tona um tema que se tornou mandatório nas empresas: a importância da saúde mental.
Século XXI e a Sociedade do Cansaço
No livro “Sociedade do Cansaço”, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han traz claramente uma crítica ao modelo que vivemos de cobrança excessiva pela alta performance, intolerância ao erro e positividade tóxica. Com isso, os psicólogos perceberam um aumento da procura e queixas relacionadas ao trabalho – liderança, estresse, desgaste e, claro, o famoso burnout.
A pandemia nos trouxe reflexões
Percebemos que não faz sentido gastar várias horas do dia em deslocamento, não ter tempo para nós e a família, além de fazer as coisas pessoais às pressas, a partir desse pensamento nota-se que é possível fazer as coisas de maneira diferente.
A cada dia as pessoas passam a buscar um propósito próprio e uma forma de equilibrar vida pessoal e trabalho. Vê-se que o ambiente e o propósito das empresas passam a ser um fator determinante para a permanência ou não do colaborador, isso acende um sinal de alerta para as lideranças empresariais. “Salários, passarão a não ser mais o que motiva colaboradores a ficarem na empresa.
Se não é mais pelo salário, o que devemos olhar, o que está reservado para as carreiras atuais e futuras? O fenômeno Great Resignation (“grande resignação”), conhecido nos Estados Unidos, e que chegou ao Brasil. Tem os mesmo efeitos que a pandemia trouxe, além dos altos volumes de pessoas pedindo demissão.
A pandemia impulsionou carreiras
A partir do entendimento que somos mais importantes e que o propósito se soma à saúde mental, e que as carreiras foram catapultadas para um mundo complexo, que funciona a base dos intangíveis = conhecimento + rede de relacionamento e compaixão, e completamente novo.
Vários pontos se tornaram determinantes para se manter o equilíbrio, onde é preciso aprimorar ou desenvolver os SOFT SKILLS, aqui fala-se de SER HUMANO. Abre-se um olhar para novas carreiras e oportunidades.
Porque um executivo CEO vai ser “CEO” de uma startup, o que leva esse profissional a pedir demissão a fazer uma mudança tão radical de vida e carreira, ou o que leva uma Vice-presidente de multinacional pedir demissão e empreender.
NÃO investir em si “é como piscar para uma garota no escuro – nada acontece” (Warren Buffett).
Carreira e Empreender, tanta coisa é romantizada por aqui
Empreender não é a solução para tudo, essa jornada é bem dura e hands-on ela exige muita dedicação, resiliência, foco, gestão de pessoas e operação.
“Empreender é como pular num lago gelado onde você só tem uma opção, sair nadando. Ao sair da água dificilmente voltará, pois sabe das dificuldades, mas também das alegrias. Voltar para o corporativo, provavelmente terá um efeito rebote de vazio ou incompleto, algo que não consegue definir.” Empreender é ter certeza de ter um propósito claro e objetivo, caso contrário será um grande erro fazê -lo.
É importante as pessoas entenderem que elas são o grande fator de suas próprias mudanças. O sucesso das carreiras está, hoje, ligados a SOFT SKILLS, como: RESILIÊNCIA, PENSAMENTO CRIATIVO, EMPATIA E LIDERANÇA.
Desses, ressalto que dois pontos: Resiliência e Empatia, se tornaram a base de todas as demandas de hoje e que estão por vir.
Resiliência – talvez seja a “soft skill” mais importante para os momentos de crise, a resiliência é a capacidade de se recuperar depois de enfrentar adversidades, mais do que força, é algo que exige uma certa maturidade psicológica.
Empatia – é importante para qualquer ambiente, é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa de forma que se consiga compreender o próximo e quase sentir o que ele sente. A base principalmente para líderes e gestores.
Não importa o que avenida você siga, Av. da Carreira Corporativa ou a Av. do Empreendedorismo, o importante é que você seja feliz e consciente de suas decisões e assuma-as e siga em frente.
Fazer de uma forma diferente
Promover ambientes mais saudáveis, cuidar da saúde mental dos colaboradores e rever as motivações que levam alguém a ficar ou não em uma empresa, são premissas fundamentais nas vidas das corporações de hoje em diante. Saúde mental e bem-estar são temas estratégicos para líderes de RH e saúde corporativa.
Nenhum CNPJ vale um Burnout: adaptar e investir em novas carreiras
Sabendo que o home office é parte integrante de nossas vidas, as universidades e as mais diversas plataformas digitais, tem tudo o que é preciso para essa mudança. Como falamos de novos modelos de negócio, os “títulos “C” como conhecemos não fazem mais essa diferença toda como foi a pouco tempo atrás.
Existe ainda uma percepção no ar que se fala de Soft Skills de forma aleatória, e que ao final um acaba sendo exigido um montante de competências Hard Skills ao profissional em sua carreira. Mas sem SOFT não tem HARD que dará resultado.
“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”- Saint- Exupéry / O Pequeno Príncipe – onde nos ensina a dar valor às coisas não materiais e nem podem ser vistas.
Por Ricardo Voltan, Investidor anjo, empreendedor, mentor e conselheiro de negócios