De acordo com o último mapeamento global de transtornos mentais da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo.
Bruno Martins – CEO da Trilha Carreira Interativa.
A importância da saúde mental no ambiente de trabalho voltou à discussão nos últimos dias depois que a ginasta americana Simone Biles falou da relevância do tema para que possa ter um bom rendimento no esporte. Ela, que havia deixado o esporte nas Olimpíadas de Tóquio, logo após sinais de exaustão mental, voltou a competir este ano nas competições em Paris.
Em muitas entrevistas, a ginasta deixou claro que a saúde mental precisa estar em primeiro lugar e que, depois disso, todo o resto se encaixará. Dessa forma, ela naturalizou o debate para um tema que até, então, era um tabu, principalmente, no ambiente de trabalho. Três, quatro anos após a epidemia da covid-19, o bem-estar mental é visto como uma prioridade pelos trabalhadores.
Pesquisas também apontam que os funcionários trabalham mais engajados e motivados quando estão em um ambiente corporativo que proporciona bem-estar e felicidade. Dados também mostram que um contexto saudável é capaz de gerar aumento de produtividade.
Mas o que temos visto é que a busca por mais performance, a alta de desemprego, a disputa entre profissionais, tudo isso foi potencializado em um cenário cada vez mais competitivo e em mudança. Esses fatores têm afetado as condições emocionais dos trabalhadores. Soma-se a isso a tecnologia que tem revolucionado o modelo de negócio de vários setores.
De acordo com o último mapeamento global de transtornos mentais da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo: aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica, seguido pelo Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%) e Nova Zelândia (7,3%). O índice elevado de desemprego, recorrentes mudanças no rumo da economia, e falta de segurança pública foram apontados como principais fatores para a alta prevalência desse transtorno na população.
Vale ressaltar que há várias ações que as empresas podem realizar para melhorar a saúde mental dos colaboradores e gerar uma boa oportunidade para criar uma cultura de cuidado nesse sentido. Entre elas, estão a realização de palestras informativas sobre como identificar os sinais de que a saúde mental está em risco, criação de rodas de conversas em que os colaboradores podem discutir de forma mais profunda um tema específico, distribuição materiais educativos como vídeos, internet, etc.
O recado de uma das maiores ginastas foi dado em uma das principais competições globais. Agora cabe às empresas e também aos colaboradores tirar o assunto da gaveta. Por fim, sabemos que levar o diálogo sobre saúde mental de forma séria e profissional poderá evitar a geração de equipes ansiosas e com transtornos de ansiedade.