30% dos trabalhadores sofrem com a Síndrome de Burnout, colocando o país em segundo lugar no mundo com mais casos diagnosticados.
Andréa Armellini, Gerente Corporativa de Pessoas e Cultura no CIEE-RS
“Mesmo na sociedade mais obcecada por saúde que já existiu, as coisas não vão nada bem”. A frase escolhida por Gabor Maté, autor de O Mito do Normal (Sextante), reflete a necessidade de um entendimento mais profundo e humano por parte das organizações e da sua força de trabalho. Escritor e médico, Maté usa dados preocupantes sobre saúde em países como Canadá e Estados Unidos para construir sua tese. Estatísticas semelhantes também são observadas no Brasil.
De acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho, cerca de 30% dos trabalhadores sofrem com a Síndrome de Burnout, colocando o país em segundo lugar no mundo com mais casos diagnosticados. Uma pesquisa do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar alerta que 13,5% dos beneficiários de planos de saúde sofrem de depressão. Entre as pessoas de 18 a 39 anos, esse percentual aumentou de 9,8% para 13% entre 2020 e 2023, enquanto o número de internações relacionadas à ansiedade saltou de 794 para 2.100 entre 2018 e 2022.
Embora haja avanços em comparação com décadas passadas, esses números ressaltam a necessidade de integrar a saúde mental dentro das organizações de maneira mais eficaz. São muitos os fatores que podem impactar a saúde mental das pessoas e, por vezes, um olhar mais atento da liderança para a mudança de comportamento do colaborador pode ser o início da tomada de consciência e a busca por ajuda.
A criação de espaços para acolhimento e escuta é essencial para que a pessoa se sinta segura ao abordar a situação. Hoje em dia, a posição de liderança exige mais do que habilidades técnicas, demanda uma profunda conexão humana. Além disso, a área de gestão de pessoas deve buscar diferentes possibilidades de apoio com uma visão mais integral do colaborador.
No CIEE-RS, além de apoio psicológico, jurídico, financeiro e social, lançamos o programa “Caminhando Juntos”, onde promovemos o desenvolvimento de habilidades de inteligência emocional e boas práticas de saúde mental e autocuidado voltada tanto para liderança quanto para colaboradores em geral, a iniciativa ganhou ainda mais relevância após a catástrofe climática que assolou o Rio Grande do Sul em maio, destacando a importância de ações que vão além das questões materiais.
Nosso propósito é promover o desenvolvimento humano, social e profissional, através da inserção de jovens no mercado de trabalho. Através de uma série de ações de capacitação profissional e iniciativas de inclusão social, buscamos fazer com que o jovem amplie seu autoconhecimento, compreendendo seus limites e buscando ajuda e acolhimento especializado quando necessário.
São as lideranças que têm a oportunidade de criar espaços para conversas significativas, promovendo uma cultura de diálogo e transparência. Ambientes onde os colaboradores se sintam seguros para falar e aprender nutrem relações de confiança – a base para alcançar melhores resultados. A construção de um ambiente de trabalho saudável e colaborativo é um desafio contínuo, mas imprescindível para o sucesso de qualquer equipe.