Pesquisa revela cenário preocupante: 27% dos colaboradores brasileiros enfrentam risco emocional.
Você já se perguntou por que algumas empresas sofrem constantemente com alta rotatividade? Ou por que bons profissionais simplesmente pedem demissão após pouco tempo no cargo? Um dos motivos pode estar diretamente ligado à falta de segurança psicológica no ambiente de trabalho, um tema essencial, mas ainda negligenciado por muitas organizações.
A pesquisa recente da Moodar, plataforma especializada em gestão de saúde emocional e desenvolvimento humano organizacional (DHO), revela que 27% dos colaboradores estão em risco emocional. O levantamento analisou mais de 19 mil profissionais de 197 empresas em nove setores diferentes e reforça que a saúde emocional é um fator crucial para o sucesso empresarial.
O Brasil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), possui a maior taxa de rotatividade de funcionários do mundo, com um turnover de 56%. Esse dado preocupante supera países como Reino Unido (43%), França (51%) e Bélgica (45%), e sinaliza claramente a necessidade urgente de investimento em segurança psicológica nas empresas.
Renato Herrmann, especialista em gamificação e influenciador digital, explica: “A ausência de segurança psicológica gera estresse excessivo, burnout e rotatividade alta. Esse cenário não só afeta a saúde mental dos colaboradores, mas compromete profundamente a produtividade, inovação e resultados financeiros das organizações.”
O desafio das lideranças na construção da segurança psicológica
Segundo o relatório “State of the Global Workplace 2024“, da Gallup, 46% dos trabalhadores relatam estar estressados, 25% se sentem tristes e 18% manifestam sentimentos de raiva regularmente. Esses números indicam um cenário preocupante em relação à saúde emocional nas empresas.
Uma das causas principais apontadas por especialistas é a estrutura hierárquica rígida e a falta de preparo das lideranças para lidar com questões emocionais. Renato Herrmann ressalta: “Colaboradores frequentemente não expressam suas preocupações por medo de represálias ou julgamentos negativos. A sobrecarga de trabalho, a pressão constante por resultados e a falta de políticas efetivas de bem-estar agravam ainda mais essa situação.”
Liderança acolhedora e equilibrada é fundamental
O papel dos líderes na criação de um ambiente seguro é fundamental. A pesquisa “Desafios e Tendências do RH para 2025”, realizada pela Think Work em parceria com o iFood Benefícios, aponta que para 34% das organizações brasileiras, apoiar os funcionários em questões de saúde mental é um dos principais desafios do ano.
“A liderança deve promover confiança, respeito e acolhimento. É essencial que os gestores estejam preparados para identificar sinais de estresse emocional, oferecendo feedbacks construtivos, mentorias e programas eficazes de bem-estar”, afirma Herrmann. Líderes que priorizam esses aspectos conseguem criar equipes mais engajadas e resilientes, beneficiando a produtividade e reduzindo significativamente a rotatividade.
Energia masculina excessiva pode prejudicar segurança psicológica
Outro desafio identificado é o predomínio de uma liderança baseada em características tradicionalmente associadas à energia masculina, como competitividade extrema e decisões unilaterais. Embora essas qualidades sejam úteis em certos contextos, em excesso, podem reduzir o espaço para empatia, colaboração e diversidade de pensamento.
Renato Herrmann enfatiza que a solução está no equilíbrio: “É importante valorizar diferentes abordagens de liderança, incentivando também atributos como empatia, escuta ativa e cooperação. Isso cria um ambiente mais inclusivo e, consequentemente, mais produtivo e inovador.”
Estratégias práticas para fortalecer a segurança psicológica
Para garantir um ambiente psicologicamente seguro, as empresas devem implementar estratégias práticas. Entre elas, incentivar uma cultura de feedback transparente e respeitoso, criar espaços de diálogo aberto e saudável, e valorizar diferentes perspectivas e experiências.
Capacitar equipes e lideranças para desenvolver uma comunicação mais empática e eficaz também é essencial para evitar conflitos e manter o clima organizacional positivo.
“Investir em segurança psicológica não é apenas um cuidado com a saúde emocional dos colaboradores, mas uma estratégia essencial para o sucesso das empresas. Além disso, a legislação brasileira agora reconhece o burnout como doença relacionada ao trabalho, aumentando a responsabilidade legal das organizações nesse aspecto. Empresas que priorizam a segurança psicológica constroem bases sólidas para o crescimento sustentável e atraem profissionais comprometidos e motivados”, conclui Herrmann.