Instituição trabalha para eliminar barreiras para que pessoas com deficiência tenham uma formação de qualidade em vários níveis de ensino
De acordo com dados do IBGE, pelo menos 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência. O número representa cerca de 24% da população total do país. No entanto, mesmo com incentivos governamentais à contratação desta importante parcela de potenciais profissionais, a ocupação proporcional de vagas de trabalho é bastante tímida. Só no ano passado, mais de 5 mil vagas destinadas a este público foram extintas, diminuindo ainda mais as chances de empregabilidade.
O Senac São Paulo acredita no potencial das pessoas com deficiência como importante força de trabalho para todos os níveis hierárquicos e áreas. Por isso oferece oportunidades de acesso a uma educação profissional de qualidade que integra pessoas com deficiência desde o Programa Senac de Aprendizagem até cursos de pós-graduação e extensão. Além disso, a instituição oferta, desde 2009, o Programa Educação para o Trabalho – Trampolim: um curso de formação inicial para pessoas com deficiência intelectual, alfabetizados ou não, que buscam inserção no mundo do trabalho.
“Entendemos que dar oportunidade de trabalho para os jovens com deficiência é fundamental para tirá-los da invisibilidade e propiciar a sua independência nos mais diversos aspectos. Como escola, estamos preparados para receber e acolher os jovens com qualquer tipo de deficiência, pois acreditamos que as oportunidades devem ser iguais para todos”, define Erleni Andrade Lima, coordenadora do Programa Senac de Aprendizagem.
Outra luta que faz parte dos valores adotados pelo Senac São Paulo é contra o capacitismo — crença de que as pessoas com deficiência não possuem competências para serem autônomas, negando a elas a inserção na vida produtiva da sociedade.
Para Andreza Gonçalves Matsumoto, que faz parte do Programa Senac de Inclusão e Diversidade, esse é um tabu que ainda vem sendo quebrado quando se trata da contratação de pessoas com deficiência pelas empresas. “Observamos que as empresas incluem menos do que poderiam, contrariando as estatísticas que apontam que profissionais com deficiência possuem qualificação e experiência para assumir qualquer tipo de função, desde os cargos de entrada até os de gestão”, avalia.
Corroborando com a fala de Andreza, segundo uma das principais plataformas de buscas de empregos, no Brasil, foram contabilizados mais de 28 mil cadastros de profissionais com deficiência prontos para atuar nos mais variados setores da economia. Atualmente existem ainda portais direcionados para o recrutamento de pessoas com deficiência que desejam conseguir uma oportunidade de trabalho.
Como acolher e atender todas as diversas necessidades
Para agregar os mais diversos tipos de necessidades especiais de seus alunos, o Senac São Paulo leva em consideração as 7 dimensões da acessibilidade, descritas por Romeu Sassaki e Ariadne Senna, responsável pelo programa na Câmara Paulista de Inclusão, com base em conceitos trazidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
“O trabalho de sensibilidade das instituições, sejam elas de ensino ou dispostas a empregar pessoas com deficiência, deve levar em consideração as 7 dimensões da acessibilidade abaixo descritas, ressaltando que a remoção dos obstáculos que impedem a acessibilidade é um trabalho de todos e todas.”, descreve Regina Paulinelli, coordenadora de desenvolvimento social do Senac e responsável pelo Programa Educação para o Trabalho — Trampolim.
São eles:
1. Arquitetônica: barreiras em espaços e prédios públicos e privados.
2. Atitudinal: barreiras culturais, preconceitos e estigmas.
3. Comunicacional: obstáculos na comunicação interpessoal
4. Metodológica: obstáculos nos métodos, técnicas e processos de trabalho.
5. Instrumental: barreiras nas ferramentas e instrumentos de trabalho.
6. Programática: obstáculos invisíveis existentes em legislações, normas e regulamentos.
7. Natural: barreiras e obstáculos da natureza.