Este modelo engloba os elementos fundamentais para se navegar e prosperar em uma era de transformações aceleradas e contínuas, oferecendo um roteiro robusto para líderes que desejam se destacar neste novo paradigma.
Carol Olinda – Consultora de Desenvolvimento Humano, Especialista em Cultura, Liderança e Educação Corporativa.
As mudanças cada vez mais intensas enfrentadas pela sociedade, exigem que as lideranças façam um “SHIFT” no seu modelo de gestão, elevando suas competências para lidar com desafios como liderar diferentes gerações, gerar engajamento diante dos números assustadores de esgotamento enfrentado pelas organizações, além de se adequarem a nova realidade imposta dela IA Generativa.
Refletindo sobre isso, recentemente desenvolvi um modelo de gestão, que chamei de SHIFT. Este acrônimo representa cinco elementos essenciais para liderar na era da complexidade:
- S: Segurança Psicológica
- H: Habilidades de Caráter
- I: Ignorância Sofisticada
- F: Ferramentas de IA
- T: Transparência Radical
Este modelo encapsula os principais componentes necessários para navegar e prosperar em tempos de mudanças rápidas e contínuas, oferecendo um guia robusto para as lideranças que desejam estar à frente neste novo paradigma.
Uma mudança necessária e estratégica
Vamos começar com a segurança psicológica. Imagine um ambiente onde todos se sentem seguros para expressar ideias, assumir riscos e admitir erros sem medo de repercussões negativas. Em um cenário de inovação constante, essa segurança é crucial para fomentar a criatividade e a colaboração.
Líderes devem escutar ativamente, validar preocupações, incentivar a participação, acolher diferentes pontos de vista e tratar erros como oportunidades de aprendizado. Na prática, isso pode ser alcançado promovendo reuniões onde todos os membros da equipe têm a chance de falar e serem ouvidos, reconhecendo e abordando as preocupações levantadas, criando plataformas como workshops ou sessões de brainstorming para fomentar a troca de ideias e estabelecendo uma cultura onde os erros são analisados coletivamente para extrair lições e melhorar processos futuros.
A inicial, H, é sobre habilidades de caráter. Proposto por Adam Grant no livro “Potencial Oculto”, esse conceito substitui as tradicionais “soft skills”. Pense em integridade, humildade e empatia, que influenciam diretamente as interações e decisões.
Líderes devem agir com justiça, ser consistentes, demonstrar coragem moral e servir como modelos de comportamento ético. Além disso, devem promover a antifragilidade, apoiar o desenvolvimento contínuo dos membros da equipe e celebrar a diversidade e inclusão. Na prática, isso significa tomar decisões baseadas em princípios claros e aplicá-los uniformemente, defender o que é certo, mesmo quando é impopular ou difícil, ser um exemplo de integridade e empatia, incentivar a equipe a ver os desafios como oportunidades de crescimento e reconhecer e valorizar as diferentes perspectivas e experiências dentro da equipe.
Já a terceira inicial, I, diz respeito à ignorância sofisticada. Sabe aquela sensação de quanto mais aprendemos, mais percebemos o quanto ainda não sabemos? Inspirado pelo TED Talk “The Pursuit of Ignorance” de Stuart Firestein, esse conceito envolve adotar uma “mentalidade de cientista”. Gerar hipóteses, experimentar, questionar e validar, percebendo que o desconhecimento pode ser um motor poderoso para a inovação e o aprendizado contínuo.
Na prática, isso significa estimular uma cultura de curiosidade e questionamento constante, onde todos são incentivados a explorar novas ideias e desafiar o status quo, focar em perguntas que desafiem as suposições existentes e abram novas áreas de exploração e entendimento, e implementar ciclos de experimentação e revisão para validar novas ideias e abordagens.
A quarta inicial, F, é de ferramentas de IA. Estamos falando de uma nova era, que torna a sociedade ainda mais complexa. Nesse ponto, os líderes precisam utilizar essa tecnologia para aumentar a produtividade e, com isso, ganhar tempo para imaginar novos futuros. A adoção de ferramentas de IA pode automatizar tarefas repetitivas, liberar recursos e permitir que os líderes e suas equipes se concentrem em atividades estratégicas e inovadoras.
Isso pode ser feito integrando essa tecnologia no trabalho diário, automatizando tarefas repetitivas e melhorando a eficiência, oferecendo programas de capacitação para que a equipe compreenda e utilize essas ferramentas de maneira eficaz e utilizando o tempo ganho com a automação para explorar novas oportunidades e desenvolver estratégias inovadoras.
Por fim, temos a inicial T, que é sobre transparência radical. Trata-se de adotar uma comunicação aberta e honesta, que constrói confiança e fomenta equipes de alta performance. Isso implica em comprometer-se com o desconforto produtivo, fornecendo feedbacks honestos e mantendo diálogos abertos. Na prática, significa instituir uma cultura onde o feedback construtivo é regular e esperado, promover reuniões regulares onde todos possam compartilhar suas opiniões e preocupações e divulgar informações importantes de maneira clara e acessível, promovendo a confiança entre os membros da equipe.
O modelo SHIFT representa uma mudança necessária e estratégica na maneira como lideramos em um mundo cada vez mais complexo. Incorporando segurança psicológica, habilidades de caráter, ignorância sofisticada, ferramentas de IA e transparência radical, os líderes estarão melhor equipados para enfrentar os desafios atuais e futuros. Este modelo não só responde às exigências do presente, mas também prepara as organizações para um futuro onde a adaptabilidade e a resiliência serão fundamentais.