Soft skills são essenciais para o sucesso profissional, mas seu desenvolvimento depende tanto dos C-Levels quanto dos próprios colaboradores. Como líderes podem estimular essas competências estratégicas?
Thiago Xavier – headhunter e sócio da Wide Executive Search, boutique de recrutamento de executivos
Muitas empresas contratam pelas hard skills, mas demitem pelas soft skills. Essa é uma frase antiga, mas ainda atual, reforçando a importância igualitária das habilidades comportamentais quando comparadas às técnicas, tanto no processo de recrutamento quanto no desempenho profissional. No entanto, surge um questionamento: de quem é a responsabilidade de fomentar essas competências? Dos líderes corporativos, incluindo os C-Levels, ou dos próprios profissionais?
Um estudo publicado pela Gartner, em 2023, revelou que 80% dos líderes de RH consideram as soft skills mais importantes do que as hard skills para o sucesso profissional. Isso se deve ao fato de que essas habilidades proporcionam uma maior capacidade analítica, facilitam a tomada de decisões complexas, estimulam a criatividade na resolução de problemas e aprimoram a comunicação interna e externa, garantindo mais clareza e precisão.
No cotidiano corporativo, as soft skills influenciam a maneira como os profissionais lidam com desafios, tomam decisões e se relacionam com colegas e líderes. Além disso, refletem-se diretamente na qualidade da entrega de suas responsabilidades, seja por meio de uma abordagem mais emocional ou racional, seja pela necessidade de coletar mais ou menos informações antes de agir.
A formação dessas habilidades está intimamente ligada à cultura, ao ambiente em que crescemos e à nossa visão de mundo, impactando a forma como reagimos em situações do mercado de trabalho. Ainda que os empregadores tenham o dever de criar um ambiente propício ao desenvolvimento dessas competências, são os profissionais que devem assumir um papel ativo e protagonista nessa busca.
O papel dos C-Levels no desenvolvimento das soft skills
No âmbito corporativo, o papel dos C-Levels é fundamental para estimular o desenvolvimento das soft skills. Como catalisadores estratégicos, eles são responsáveis por formar sucessores preparados, capazes de lidar com desafios e imprevistos em suas áreas. Na prática, isso está diretamente relacionado à construção de uma governança sólida, baseada em processos bem estruturados e transparência, garantindo que a companhia se mantenha competitiva e sustentável no mercado.
Contudo, mesmo com incentivos da empresa, o desenvolvimento das soft skills é um processo individual e intransferível. Cada profissional deve ter a capacidade de olhar para si, avaliar suas reações diante de novos projetos, analisar como toma decisões e identificar pontos de melhoria em sua atuação diária no ambiente corporativo.
O desenvolvimento contínuo como diferencial competitivo
A combinação entre autoconhecimento e proatividade no aprendizado contínuo (lifelong learning) potencializa o desenvolvimento das soft skills e fortalece a competitividade profissional. Profissionais que adotam essa postura se destacam em relação àqueles que não investem no próprio crescimento. Caso atuem em empresas que não incentivam esse desenvolvimento, estarão preparados para buscar novas oportunidades em organizações mais alinhadas aos seus valores e aspirações.
O porto seguro profissional não deve ser o empregador, mas sim o próprio profissional. Quanto mais preparado ele estiver e quanto mais cultivar a mentalidade de aprendizado constante, mais à frente estará da concorrência. Esse diferencial não apenas fortalece sua carreira, mas o torna mais resiliente para enfrentar qualquer desafio no ambiente corporativo.