Como as competências socioemocionais estão moldando carreiras e transformando o ambiente corporativo no mundo da inovação.
As novas tecnologias da informação e da comunicação mudaram drasticamente a forma como as pessoas vivem em sociedade. A agilidade passou a ser fator preponderante na maioria das relações, e o ambiente de negócios não foge à regra. Diante dessas novas exigências, as organizações se modificaram bastante, tornando-se mais planas, menos hierarquizadas, descentralizadas e fluidas. A prerrogativa passou a ser a montagem de times multidisciplinares, trabalhando em redes de competências (formais ou informais), para dividir conhecimento e expertise na resolução de problemas dentro das empresas.
Assim, destaca Andréa Krug, psicóloga com mais de 30 anos de experiência em RH de grandes empresas e consultora em liderança e cultura, cada vez mais as organizações buscam colaboradores capazes de serem flexíveis, alternando-se em diferentes papéis e responsabilidades conforme o projeto, além de questionar os modelos existentes visando ao aumento da produtividade. “Inovação passou a ser palavra de ordem”, afirma.
Na busca por talentos capazes de atuar dessa forma, explica Andréa, as empresas vêm priorizando, em seus processos seletivos, as soft skills (competências socioemocionais e comportamentais) em relação às hard skills (competências técnicas). “As empresas já aprenderam que contratar alguém pelo currículo não é suficiente, porque o que realmente faz com que as pessoas cresçam ou, muitas vezes, sejam desligadas de suas funções são suas atitudes”, diz.
De acordo com Andréa, para compreender melhor por que as soft skills são prioridade nos processos seletivos e entender sua relação intrínseca com as atitudes, é preciso se debruçar sobre o conceito de competência, hoje considerado um fundamento essencial para geração de valor competitivo nas empresas. “Competência é a integração e coordenação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que, na sua manifestação, produzem uma atuação diferenciada. Sendo conhecimento o saber, habilidade o saber fazer, e atitude o querer fazer”, afirma.
A psicóloga explica ainda que, para ter uma performance em alto nível, não basta apenas possuir conhecimento técnico, pois este, sem as habilidades (saber fazer) e as atitudes (querer fazer), torna-se ineficaz. Conforme Andréa, é preciso que os três pilares da competência atuem de maneira coordenada, sendo a habilidade aspecto fundamental, pois é ela que, junto à atitude, transforma o conhecimento em ação, resultando no desempenho desejado. Nesse sentido, enfatiza a consultora, surge a importância das soft skills, habilidades relacionadas ao comportamento individual que interferem diretamente na atitude do profissional.
Além disso, afirma Andréa, as empresas buscam cada vez mais colaboradores alinhados com sua missão, valores e cultura organizacional. Por isso, torna-se imprescindível conhecer as soft skills dos candidatos às vagas, uma vez que se trata de habilidades com forte caráter subjetivo, decorrentes da experiência, cultura, criação, educação e história de vida de cada indivíduo. Conhecer as habilidades comportamentais, sociais e emocionais é entender os valores dos profissionais e avaliar se estão alinhados ou não aos valores da organização.
Ressaltar a importância das soft skills, afirma a consultora, não significa que as competências técnicas tenham perdido relevância. “Pelo contrário, é fundamental que as pessoas continuem investindo em seu aprendizado, de modo contínuo e imersivo, com métodos formais ou informais”, diz. Contudo, reforça a psicóloga, apenas o conhecimento não é suficiente. “Cada vez mais o comportamento é valorizado, porque são as atitudes que permitem que os profissionais evoluam em suas carreiras”, reitera.
Para fortalecer as soft skills e garantir vantagem competitiva nos processos seletivos, além de uma performance de excelência, Andréa recomenda investir no autoconhecimento. Segundo a consultora, ao saber mais sobre si mesmo, o profissional consegue identificar seus pontos fortes e ser mais assertivo na busca por vagas e organizações que valorizem suas habilidades. “O profissional só tem uma chance de dar certo na carreira: quando o cargo exige o que ele tem de melhor”, conclui.