Um estudo recente feito pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) revelou que é baixa ou inexistente a inclusão de mulheres, negros, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência (PCD) nos processos seletivos das pequenas empresas. Embora, no discurso, a grande maioria (96,8%) apoie a diversidade, na prática, 60% não desenvolvem ações afirmativas que contemplem equipes mais plurais. Com perfil jovem e inovador, como na maioria das startups, mas na contramão dos resultados da pesquisa, a b8one – laboratório de soluções digitais focado em e-commerce – está quebrando a bolha de contratações e, dos 86 colaboradores atuais da empresa, 40% é composto por LGBTQIA+ e negros.
O incentivo à diversidade sempre foi uma preocupação da startup e começou do topo, já que um dos cinco sócios é uma mulher – Marina Martins. Fundador da b8one, Hugo Alvarenga, de 23 anos, por sua vez, materializa a figura do CEO do futuro: dinâmico, mente aberta e parte da geração Z, para quem a diversidade é uma política de empresa e não apenas uma demanda de mercado.
Fundada em 2018 e com presença em 12 países além do Brasil, a b8one viu o número de seus colaboradores crescer exponencialmente nos últimos dois anos, o que impulsionou a startup a abrir vagas afirmativas. “Muitas vezes, ações de inclusão ficam limitadas às grandes corporações, mas é importante que empresas de menor porte, como startups – que normalmente se apresentam como arrojadas e disruptivas -, abracem esse tema no dia a dia. Diversidade é um diferencial competitivo tão relevante quanto a inovação e atua em conjunto com ela”, destaca Alvarenga.
Baixa representativa no mercado de tecnologia
Embora seja uma força motriz relevante nas empresas de tecnologia, a diversidade também encontra resistências neste mercado de trabalho. É o que aponta outra pesquisa, realizada pela iniciativa PretaLab em parceria com a consultoria ThoughtWorks em 2019. Entre os respondentes, 68,3% eram homens e 58,3%, pessoas brancas. Cerca de 20% dos entrevistados disseram não trabalhar com nenhuma mulher e 32,7% com nenhuma pessoa negra.
“Ter diversidade de pessoas em nossos times nos ajuda em todos os processos da empresa. Estamos sempre aprendendo novas perspectivas que nos permitem entregar projetos mais criativos que solucionam desafios complexos com consistência e maior grau de assertividade”, argumenta Vinícius Sanches, sócio da b8one e líder do time de designers. Os números confirmam: a equipe de tecnologia da startup tem hoje 38 funcionários. Deste total, 21 incluem mulheres, LGBTQIA+ e negros.
Em busca de profissionais talentosos e diversos, a área de Recursos Humanos da b8one tem atuado com técnicas de talent acquisition e intencionalidade na contratação. O contexto da pandemia de Covid-19 e do home office também proporcionou diversidade regional à startup. Além do eixo Rio-SP, a equipe conta hoje com profissionais do Amapá, Bahia, Paraíba, Goiás, Ceará, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. “É necessário compreender que diversidade e inclusão não são mais uma tendência e sim uma realidade estratégica que gera backgrounds interessantes, novas experiências e insights e, principalmente, soluções criativas para o consumidor. Quando atuamos com públicos diversos, conseguimos entregar um produto ou serviço muito mais representativo e inclusivo”, reforça Jéssica Barboza, Head de Pessoas da b8one.
Aposta em educação para 2022
Para o ano que vem, a startup pretende promover agendas mensais, com ações internas para conscientizar a cultura organizacional da empresa. A ideia é desafiar os próprios colaboradores a debaterem temas sobre os quais possuem lugar de fala, lecionando desde cursos mais extensos sobre tópicos como racismo estrutural e linguagem neutra e inclusiva, até comandando rodas de conversa e grupos de estudo para troca de impressões e aprendizado. A empresa também pretende trazer convidados para compartilhar experiências e contribuir com a discussão.
Preocupada em cultivar um olhar verdadeiramente inclusivo, a b8one também quer abrir mais espaço para o tema acessibilidade em 2022. “Queremos ser vistos como uma empresa não capacitista. São iniciativas que já estão sendo desenhadas para avançarmos cada vez mais nessas pautas. Nem sempre as transformações ocorrem em casa. Então que o ambiente profissional possa ser um espaço de abertura de horizontes, capaz de gerar uma cultura organizacional diversa e inclusiva”, frisa Alvarenga.