Por Lilian Giorgi, diretora sênior de RH da consultoria Alvarez & Marsal
Empreendedorismo em startup é a capacidade de criar modelos de negócios inovadores, repetíveis e escaláveis, mesmo que o ambiente seja de profunda incerteza. Diferentemente do empreendedorismo convencional, em que novas empresas surgem para disputar espaço em mercados consolidados, as startups são guiadas pela inovação.
Eu não sei se vocês recordam qual era o cenário do setor de inovação e tecnologia antes da pandemia. Se falarmos das startups, por exemplo, vínhamos de um salto gigantesco. Somente entre 2015 e 2019, o número de startups no Brasil mais que triplicou. Neste período, vimos as 4.1 mil iniciativas espalhadas por todo o território nacional se transformarem em outras 12.7 mil startups, um aumento de mais de 200%. Vale ressaltar que alguns mercados estão mais amadurecidos do que outros, como as fintechs e o setor bancário. Mas há setores da economia com peso significativo no PIB nacional, como o agronegócio, repleto de oportunidades ainda pouco exploradas pelas startups.
Passado o pior momento da crise sanitária, quando olhamos para trás, não há dúvidas de que os desafios recentes, enfrentados duramente por milhares de brasileiros, tenham contribuído para que todo esse ecossistema pudesse se consolidar. Foram diversas as pesquisas e soluções apresentadas pelas nossas startups. Aliás, este é um movimento que seguirá em aceleração, porém, não exatamente como alguns especialistas imaginavam. Apesar do Brasil ter batido recorde de investimentos em 2021, alcançando R$ 47 bilhões, o cenário para este ano terá uma proporção um pouco menor quando falamos da velocidade de crescimento.
Isso não impede novos aportes. De modo geral, haverá um crescimento, contudo, a ordem será um pouco abaixo do que vínhamos conquistando. Mal acostumados? Talvez. O que não podemos é negar os fatores macroeconômicos que incidem sobre o tema. Afinal, um movimento errado pode acarretar uma redução nos avanços, tão esperados por todos nós.
Na Alvarez & Marsal, seguimos acompanhando cada movimento do setor, monitorando de perto o fluxo de negócios. É o que chamamos de “deal flow”. No mundo das finanças, consiste em avaliar a cultura daquelas startups que queremos trazer para o nosso ecossistema. O momento é de otimismo quanto aos novos projetos. Não é de hoje que o mercado se inclina para novas operações. O cenário é muito promissor e, possivelmente, ainda vamos falar bastante sobre as futuras soluções, criadas no Brasil, e claro, tomando conta de diversos segmentos em todo o mundo.
Novo mercado de trabalho, bem-estar corporativo e o futuro das coisas. Como se adaptar?
O futuro da saúde está no ambiente que traz o bem-estar
Bem-estar físico e mental é o que mais atrai talentos
E o que a gente leva em conta quando estamos avaliando as startups para o nosso fundo de venture do BizHub? A verdade é que fazer um investimento é um negócio. Por isso, não podemos nos basear apenas na qualidade do produto ou serviço. A decisão envolve a análise de dados e evidências. Buscamos motivos concretos que nos levem à conclusão de que a empresa vale o investimento. Focamos na análise do perfil empresarial e os riscos que o mercado traz para aquele negócio. Sendo assim, te convido a descobrir quais são as informações da sua startup que interessam aos investidores e que podem ser decisivas na hora do investimento ser aprovado ou não.
A startup que procura investimentos precisa definir a visão da empresa e a sua proposta de valor, se quiser ser bem-sucedida. A proposta de valor é um componente do marketing que visa definir quais os valores do seu negócio e como eles influenciam a maneira como sua empresa oferece produtos ou serviços ao público, mostrando ao cliente as vantagens de escolher as soluções da startup. Além disso, é importante criar um roadmap, uma espécie de roteiro visual. Nele, você deve identificar a posição atual de sua empresa no mercado e qual o lugar que deseja ocupar no futuro. Ao traçar o roadmap, é preciso estabelecer um objetivo maior e qual o tempo para alcançá-lo. E então, escolher objetivos menores, de curto e médio prazo, que vão ajudar a atingir a meta estipulada. Também é essencial escolher quais são as key metrics mais relevantes para a realidade da sua startup e fazer o acompanhamento delas.
Em paralelo a tudo isso, outro ponto a se destacar é a importância da capacitação profissional. As novas ideias vão surgir à medida que nos dedicarmos, nos prepararmos melhor. O mercado é e se manterá exigente. Assim como os investidores. Reforço aqui: potencial de entrega de resultados de uma organização não se reflete somente em seu produto ou no mercado em que atua. A capacidade crítica, de execução, e a habilidade de se reinventar diariamente, são fundamentais para o sucesso. Cada vez mais será necessário ter utilidade comprovada e uma renovação contínua de conhecimento para se manter ativo no mercado de avanço tecnológico escalável.
Trocando em miúdos, a educação sempre foi e sempre será a base de qualquer processo, de qualquer sucesso e de todo o futuro.