Com o crescimento da capacidade dos algoritmos, precisamos discutir abertamente onde a tecnologia vai chegar
Imagine dirigir numa grande cidade, durante a semana, sem enfrentar congestionamento. Parece sonho, não é mesmo? Segundo Leandro Espósito, country manager do Waze, o propósito da empresa é acabar com o trânsito. “Temos 100 milhões de usuários, que também são nossos parceiros. Juntos, podemos ajudar a solucionar este problema”.
Será que é algo factível? Talvez seja a partir da cocriação e do avanço de tecnologias como inteligência artificial, IoT, machine learning, impressão 3D, realidade virtual e indústria 4.0. Certamente a ideia, em sua essência, é exponencial, assim como várias soluções tecnológicas que foram abordadas durante o evento Rio.Futuro, que discutiu a inovação como forma de ajudar a criar o futuro dos negócios.
Um dos temas mais recorrentes foi a utilização da inteligência artificial como forma de gerar mais eficiência e garantir que a jornada do cliente ou cidadão se torne mais dinâmica, criativa e eficiente.
A Singularity University, que divulgou este ano uma lista de previsões até 2038, coloca a IA com emoção como um dos grandes avanços nos próximos anos. Segundo especialistas, os robôs compreenderão o contexto da fala bem o suficiente para interagir com humanos.
Para Fabio Scopeta, Head de Inovação e Engenharia da Microsoft, a pergunta já não é mais se a IA é uma realidade em nossas vidas, mas quais são as oportunidades de negócios e de empregos neste novo mundo em desenvolvimento. “A inteligência artificial tem o intuito de ampliar a capacidade humana e não de substituir o ser humano”.
Embora seja difícil compreender o impacto completo da inteligência artificial, sabemos que as profissões de entrada no mercado de trabalho serão as mais impactadas nesta fase de transição, com a eliminação de várias posições. Com o crescimento da capacidade dos algoritmos, precisamos discutir abertamente onde a tecnologia vai chegar e o que queremos dela. Pode ser que daqui alguns anos o robô supere o ser humano, já que é difícil controlar os avanços da tecnologia.
Minha visão é pessimista? Talvez sim, mas o que desejo aqui é estimular a reflexão, pois existe uma grande tendência em se humanizar as máquinas. Não tenho as respostas para todas as questões envolvendo IA, mas tenho muitas perguntas. Acredito sinceramente que é possível trabalhar de maneira preventiva para que a dor seja menor.
Há alguns países que já discutem uma renda mínima universal para lidar com os efeitos de um novo mercado de trabalho. Toda mudança assusta e gera insegurança. Minha dica é que os governos criem políticas específicas para discutir o tema e pensar em soluções que possam resultar na criação de princípios para controlar a inteligência autônoma.
Acreditamos na inovação como cerne da “invenção do futuro”, porém é preciso pensar sobre suas consequências e como podemos agir com ética para que as soluções exponenciais venham somar ao nosso dia a dia, criando novas oportunidades de trabalho e – quem sabe – nos deixando mais livres para desenvolver outras atividades que nos inspirem para moldar um futuro melhor.
Por Alexandre Winetzki, diretor de P&D da Stefanini