O país está vivendo uma verdadeira ebulição social, política e econômica, cujas origens remontam aos famosos protestos de junho de 2013, quando milhões foram às ruas clamando por transformações na realidade nacional. Desde então, a palavra “mudança” não sai da boca do brasileiro e é evocada para os mais diferentes temas, seja para o sistema político, para a relação do homem com a natureza ou mesmo para a maneira como nos relacionamos nas grandes cidades.
É claro que todo esse clamor popular acabou se refletindo no mundo dos negócios. Contagiados por novas ideias que vêm emergindo das ruas e das redes sociais, os consumidores fazem novas exigências antes de adquirir um produto, querendo saber sobre a sustentabilidade da produção ou sobre a idoneidade da empresa. E não é só. Os funcionários também se influenciaram pelos novos tempos e passaram a questionar velhos dogmas, colocando em cheque a antiga visão de que um bom salário é mais do que o suficiente para aceitar ou permanecer em determinado emprego.
Cabe às empresas identificar o fenômeno e estabelecer os ajustes necessários para se adequar a essa pós-modernidade, em que a valorização do ser humano, aliada aos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social, vêm ditando as regras do jogo.
Em primeiro lugar, a ideia do funcionário vem dando lugar ao conceito do colaborador. Mais do que um exercício dialético, a troca de nomenclatura representa o fato de que os profissionais não desejam apenas trabalhar para alguém, mas sim com alguém. Eles querem que suas ideias e sugestões sejam ouvidas de forma que possa colaborar com o desenvolvimento da companhia e se sentir útil à engrenagem corporativa. O mesmo serve para os patrões, que perdem a função de chefes para se tornarem líderes de equipes que se espelharão em seus exemplos e boas práticas para exercer suas atividades.
Outra transformação dos novos tempos é a demanda por subsídios para que os colaboradores se sintam felizes com o que fazem. Aí entram os benefícios, mas não apenas aqueles regidos pela lei, como vale-refeição. A companhia que oferecer programas de desenvolvimento de carreira e de participação nos lucros se tornará muito mais atrativa à maioria dos profissionais, principalmente se unir a isso vantagens mais imediatas, como vale-alimentação e vale-combustível. Algumas apostam ainda em ações mais controversas, como a criação de um ambiente corporativo descontraído, em que são abolidos os horários fixos e atividades de lazer dentro da própria empresa, como vídeo game e mesas de bilhar, passam a ser sinônimo de estímulo à produtividade.
Há ainda um fator importante dentro do atual contexto que é a de conquistar o consumidor não apenas com produtos ou serviços de qualidade, mas também com exemplos de boas práticas. Se querem realmente estar antenadas às transformações da sociedade, implementar programas de responsabilidade social e de sustentabilidade são passos obrigatórios a fim de ganhar a simpatia de uma parcela maior da população, algo que impacta diretamente nas vendas e na atração e manutenção dos profissionais.
As mudanças estão batendo à porta e cabe às companhias se perguntarem que papel desejam exercer no novo cenário: o de agente inovador e símbolo dos novos tempos ou de bastião de velhos hábitos.
* Ubirajara Kojirol é Diretor Comercial na Benefício Certo, empresa do ramo de gestão de benefícios com soluções adaptadas às necessidades do mercado de Recursos Humanos – que atende em todo o território nacional