Sheila Borges é Gerente de Recursos Humanos do Tmov
A inovação e a tecnologia disruptiva em Recursos Humanos já eram uma tendência de mercado que, com a pandemia, foi acelerada. Pode ser traduzida como uma reestruturação natural dos processos gerais (rotinas habituais). É fato que, à medida em que os locais de trabalho foram adaptados para o formato híbrido, aumentou, também, a necessidade de colaboração e engajamento remoto dos colaboradores. Mas, como fazer isso? Como extrair dados dessa experiência e transmitir a cultura organizacional de forma genuína e de impacto?
Aí está o grande desafio para gestores e líderes. Um levantamento realizado pela Fundação Instituto de Administração (FIA) mostra que 46% das empresas adotaram o trabalho remoto, mas 67% delas disseram relataram problemas de adaptação ao modelo, na comunicação e no comportamento dos funcionários em ambientes virtuais.
Já uma pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com a Acesso Digital e Grupo Cia de Talentos, observou que, dentre os entrevistados, 95% contam com trabalho remoto, porém 35% afirmaram que não houve um aumento significativo no empenho dos colaboradores. Por fim, 34% acreditam que a motivação dos funcionários também aumentou. O estudo entrevistou 185 gestores de RH de grandes empresas brasileiras.
Isto posto, como realizar essa transformação digital no RH e manter o engajamento e performance dos colaboradores? Entendo que as transformações e mindset digital perpassam por algumas trilhas, tais como:
Onda Negócio: é necessário que a empresa trace o impacto tecnológico no negócio, na estratégia e em seus processos internos. Vale entender qual o posicionamento da empresa para essa tendência, sua sustentabilidade no mercado e projeções futuras. Estabelecer que a tecnologia é uma alavanca principal para impulsionar a missão da empresa é vital.
Onda Governança: promover metodologias ágeis de governança e de resultados em ambientes virtuais. Cito, como exemplo, as OKR’s – Objectives and Key Results em plataformas digitais que diminuam as barreiras, fronteiras virtuais e distanciamento social, para que todos os colaboradores saibam e estejam alinhados às metas e objetivos a serem alcançados.
Onda RH: a transformação digital do RH acontece quando a área se posiciona estrategicamente como promotora de cultura. Neste momento, as plataformas digitais voltadas para a ‘Gestão de Gente’ são os grandes diferenciais. Destaco aqui, em especial, as que possuem origem de startups, com linguagem e usabilidade intuitiva que facilita o acesso a todos os colaboradores, independente de sua função ou formação.
Nesta jornada, e diante desta nova experiência digital, é sim possível recrutar e contratar 100% online, assinar documentos digitais desde admissão e desligamento, treinamento e onboarding, avaliações de desempenho, feedbacks, elogios, gestão de 1:1, plataforma de saúde mental, workplaces, pesquisas de engajamento, benefícios flexíveis, app de gente e tantos outros. Nesta “onda de RH Tech” tem muito a ser navegar, a começar pela integração de todas essas plataformas para se ter um ambiente virtual de trabalho unificado.
Onda Engajamento: é com certeza a mais desafiante de todas as ondas aqui citadas. Integrar as plataformas é garantir e realizar a verdadeira transformação digital, porém, engajar a nova cultura da empresa de “off” para “on”, é um desafio aspiracional. Estamos falando em promover a mudança de mindset das pessoas que muitas vezes são resistentes a mudanças para um mindset de crescimento.
Baseada na minha vivência de mais de 18 anos atuando na área de RH de grandes empresas, digo que é possível, sim, promover essa mudança de mindset digital e engajamento. Também destaco a disseminação e fortalecimento dos valores e missão da empresa, acompanhado de campanhas de engajamento em boas práticas de RH digitais, utilizando os próprios colaboradores e a liderança como “Influencers de cultura Digital” para motivar os demais a praticarem essa mudança.
Importante gerar conteúdos e treinamentos por meio dos colaboradores, além de parceiros reconhecidos no mercado. Ademais, entendo que realizar a transformação digital, a disrupção e a real diversidade em Recursos Humanos, é um desafio aspiracional e regado de propósitos.