Quando a diversidade é de gênero, a produtividade aumenta mais: 5%
Na tentativa de alcançar resultados expressivos, muitas empresas – sem medo de errar com esta afirmação – lançam mão do que vem se chamando DiversityWashing, nomenclatura derivada da expressão GreenWashing, que por sua vez nomeia a prática de empresas que buscam parecer ambientalmente responsáveis, seja por meio de campanhas ou produtos, mas na verdade não são. No mês de junho, quando o tema diversidade ganha mais projeção, essa prática também ganha força.
Durante 11 meses do ano, muitas corporações nem tratam do tema junto à sociedade, nem entre seus colaboradores, mas em junho parece que o mundo empresarial é “diverso de fato”.
No entanto, os números mostram infelizmente ainda o oposto. Apenas 37,8% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres e elas ganham em média 77% do salário médio dos homens; os pretos ocupam apenas 6% dos cargos de liderança; apenas 53% das vagas para pessoas com deficiência estão preenchidas; e 38% das empresas ainda mostram restrições na contratação de homossexuais. Esses são alguns dados evidenciados por estudos do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Instituto Ethos e Santo Caos.
No fundo, o que as minorias buscam é respeito e igualdade, o que aliás deveria ser premissa nas empresas uma vez que está comprovado que a diversidade traz mais produtividade e, consequentemente, resultados positivos para as corporações. Você sabia que para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial, a produtividade de uma empresa aumenta em 4%? É o que mostrou estudo do ID_BR – Instituto Identidades do Brasil.
Sendo isso verdade e o lucro o principal motivo de existência de uma empresa dentro de uma sociedade capitalista, essa conduta não deveria estar em discussão, e sim ser mandatória.
Quando a diversidade é de gênero, a produtividade aumenta mais: 5%. E as melhorias podem ser percebidas em diferentes aspectos, como nível de bem-estar, competências e habilidades mais diversas, declínio da rotatividade (turnover) e melhora no clima organizacional. O Brasil é campeão mundial em turnover, com uma taxa de 3,7% ao mês. Se somarmos isso, significa que uma empresa muda em média 100% seu quadro de colaboradores a cada três anos. Levando em consideração que uma demissão significa aproximadamente 1/3 do custo anual do salário daquele colaborador, está aí mais um ponto que impacta diretamente na lucratividade das empresas.
Aqui na MCI, empresa global de engajamento e marketing de mais de 30 anos – desde 2009 no Brasil – há três anos criamos uma squad de Diversidade. A partir de uma pesquisa para entender quem era nossos colaboradores, desenvolvemos trabalhos educativos, promovemos um calendário mensal para dar visibilidade a datas afirmativas, sempre para discutir tema e propor ações. Uma política de diversidade, inclusão, equidade e pertencimento foi criada para balizar condutas e diversas vagas já foram abertas e preenchidas. Isso tudo para termos um ambiente favorável à igualdade, afinal é das diferenças que surgem as novas ideias e o nosso negócio vive disso. Prezamos por mentes brilhantes, independentemente de gênero, etnia, raça, deficiência ou sexualidade.
Se você e sua empresa ainda não atingiram o ponto de priorizar o ser humano e suas competências e habilidades, sem análise de gênero, etnia, raça, deficiência e sexualidade, pense que é na diversidade que pode estar a chave da sustentabilidade da sua corporação. Por isso, antes de fazer o washing, pratique a diversity, ou diversidade, de fato. As pessoas e os negócios agradecem.
Igor Tobias é diretor geral da MCI Brasil, board member da PCMA e Diretor de Eventos da SWISSCAM.