Novas oportunidades de emprego na Era da Inteligência Artificial.
Por Rodrigo de Godoy, Diretor de Arquitetura Educacional e Soluções Integradas do UOL EdTech
À medida que a inteligência artificial (IA) continua a evoluir com sistemas cada vez mais sofisticados, é natural que surjam preocupações sobre a substituição de empregos tradicionais.
Mas também há o outro lado da moeda: novos empregos também serão criados – empregos que não se parecem em nada com os que existem hoje. Os pesquisadores do MIT, James Wilson, Paul R. Daugherty e Nicola Morini-Bianzino, ao analisarem o estudo global da Accenture PLC sobre mais de 1.000 grandes empresas que já utilizam ou testam sistemas de IA e de aprendizagem automática, identificaram o surgimento de categorias inéditas de empregos, necessariamente desenvolvidas por humanos.
Essas funções não estão substituindo outras que poderão ser atribuídas à IA, mas são novidades, exigindo competências e formação sem precedentes. São três novos cargos empresariais e tecnológicos orientados pela IA que os especialistas identificaram: treinadores, explicadores e sustentadores.
Os usuários nestas funções irão complementar tarefas executadas pela tecnologia cognitiva, garantindo que o trabalho das máquinas seja eficaz e responsável, ao mesmo tempo que transparente e auditável.
Os treinadores desempenharão um papel fundamental ao ensinar aos sistemas de IA como interagir com pessoas de forma empática e profunda? Já há algum tempo, humanos têm treinado algoritmos para lidar melhor com situações como reclamações de clientes ou problemas técnicos. O objetivo é que esses sistemas possam responder as pessoas em momentos difíceis com compreensão, compaixão e até humor, quando apropriado.
Já a tarefa dos explicadores é tornar compreensíveis os algoritmos complexos para profissionais não técnicos, reduzindo assim a lacuna entre especialistas em tecnologia e líderes organizacionais. Isso é crucial em um momento em que muitos executivos estão desconfortáveis com a opacidade dos algoritmos de IA, especialmente quando esses sistemas recomendam ações que vão contra o senso comum. A habilidade de explicar de forma clara e acessível o funcionamento desses algoritmos é fundamental para garantir a confiança e aceitação do colaboradores com essas tecnologias.
Por último, os sustentadores têm a responsabilidade de assegurar que os sistemas de IA operem conforme o planejado e que quaisquer consequências não intencionais sejam tratadas adequadamente. É preocupante que muitas empresas não confiem plenamente na imparcialidade e segurança de seus sistemas de IA. Profissionais nesta função atuarão como guardiões dos valores humanos, intervindo se um sistema de IA estiver discriminando pessoas com base em critérios injustos.
Essas novas funções representam um desafio significativo para as áreas de Treinamento e Desenvolvimento. Como destacam os pesquisadores do MIT, os desafios associados à IA são mais humanos do que técnicos. Portanto, é crucial investir em habilidades e treinamento adequados para garantir que os benefícios da IA sejam maximizados e que os riscos sejam mitigados.
Em última análise, gostaria de deixar uma reflexão: o futuro do trabalho humano na era da IA depende não apenas da nossa capacidade de nos adaptarmos a essas mudanças, mas também de nossa capacidade de nos adaptarmos e colaborarmos efetivamente com essas tecnologias em constante evolução.