Por Maurício Pedro – Gerente de Atendimento Corporativo do Senac São Paulo
O mundo está em constante processo de mudança. E, com tantas atividades e obrigações, temos a sensação de que estamos sempre atrasados e sem tempo, principalmente quando o assunto é tecnologia. No ponto de vista do ambiente corporativo, o investimento na qualificação dos funcionários para desenvolver e ampliar habilidades é cada vez mais urgente. Nesse cenário, além de capacitações técnicas, as empresas percebem a necessidade de se investir em programas comportamentais relacionados à saúde mental dos seus colaboradores. Nesse sentido, o formato de educação à distância (EAD) é uma oportunidade para ampliar o alcance e gerar transformação.
Cada vez mais, as pessoas querem estar em ambientes de trabalho que proporcionem acolhimento, conforto, bem-estar e que sejam respeitosos e justos, além de possuírem oportunidades para se desenvolverem. Então, quando uma empresa investe em construir e manter uma cultura de aprendizagem, cria-se mais chances de retenção dos profissionais. O termo “lifelong learning” – aprendizagem por toda a vida – tem sido muito utilizado e referendado por especialistas, empresas e comunidades de recursos humanos com o objetivo de reforçar a importância das capacitações e formações, além de prover espaço de aprendizagem constante e permanente.
Nessa perspectiva, o formato EAD deve ser incorporado ao plano de desenvolvimento de colaboradores como uma possibilidade de impulsionar e ampliar as ações de desenvolvimento e capacitação. Pode ser utilizado em várias abordagens, como programas informativos, treinamentos de capacitação técnica, cursos normativos sobre políticas institucionais para alinhamento e orientação de procedimentos ou mesmo para desenvolver temas mais subjetivos. Assim, é possível criar programas que trabalhem comportamentos, atitudes e condutas, que privilegiem reflexões individuais e construções coletivas.
A pandemia impulsionou os cursos no formato EAD, e esse foi o “ponto de virada” que gerou investimentos e agilidade para estabelecer plataformas tecnológicas, possibilitando a comunicação e continuidade das atividades. Esse movimento ampliou a necessidade de novas capacitações técnicas e o cuidado com a saúde mental dos colaboradores, agravada pelas circunstâncias do isolamento e da Covid-19. As empresas identificaram a necessidade de apoiar seus funcionários e intensificaram os investimentos em palestras, rodas de conversas virtuais e aquisição de cursos autoinstrucionais.
A pandemia permitiu uma maior experimentação do EAD, o que ajudou a quebrar possíveis preconceitos e, até mesmo pelo avanço tecnológico, esse formato ocupará mais espaço nos planos de investimento e desenvolvimento das equipes nas empresas. Por outro lado, pensar que seja possível migrar todo o desenvolvimento para formatos digitais, não deveria ser uma meta, até porque somos seres humanos que demandam a socialização como modo de aprender e conviver.
Apesar de diversos aspectos positivos, a qualificação profissional EAD ainda não está incorporada na cultura de muitas organizações. Por alguns motivos, como prioridade de investimento ou por experiências que podem não ter cumprido o objetivo esperado, fazendo com que as empresas recuem em oferecer capacitações nesse formato aos seus colaboradores.
A qualificação profissional precisa ser analisada em conjunto com outras práticas e políticas das empresas, pois o recurso de forma isolada pode não ter o resultado que se propõe. Numa situação que a empresa deseja a melhoria do ambiente de trabalho e de desempenho, é necessário investir na capacitação de lideranças e na construção de uma cultura de aprendizagem, que provoque curiosidade, desejo de aprender e vontade para colaborar para uma organização mais criativa e inovadora.
Um bom planejamento que parta das necessidades que vão impulsionar o desempenho da instituição é o primeiro passo quando se pensa em qualificação profissional, bem como, é importante estabelecer indicadores coerentes com a cultura organizacional, que sejam possíveis de serem observados, como por exemplo, se a satisfação dos clientes aumentou, se as vendas ampliaram, se o clima organizacional melhorou.
A qualificação profissional quer abarcar não somente conhecimentos e técnicas, mas comportamentos e atitudes que permitam o desenvolvimento de competências. Precisa estar associada diretamente à evolução tecnológica e o quanto ela impacta as relações de trabalho, produção de bens e prestação de serviços. Contudo, dificilmente deixaremos de tratar de temas como liderança, trabalho em equipe, comunicação e cursos voltados ao desenvolvimento humano.