Dois dos maiores problemas das grandes organizações – e também daquelas que desejam configurar entre as melhores – é a desmotivação profissional e a falta de qualificação. Muitas companhias correm o risco de não existir num futuro próximo se não encontrarem as pessoas certas.
Por outro lado, existe um grupo enorme de profissionais que desejam fazer parte do topo da pirâmide organizacional, ocupar cargos de diretoria e até presidência. Muitos não se acham competentes, apesar da vontade. Já outro grupo acredita que a empresa nunca lhe dará oportunidade de crescimento e passa a não mais enxergar uma luz no final do túnel, o que acarreta numa insegurança pessoal e profissional. É a chamada baixa autoestima.
Acontece que ambos os lados parecem correr em direção opostas. Ao menos é isso que transparece quando converso com profissionais na base da pirâmide e com altos executivos, que comandam as estratégias das companhias.
Hoje, são poucas as empresas que possuem política ou cultura de alinhamento de interesses, valores e propósitos. Até pouco tempo atrás, ao falar sobre isso com alguns grandes empresários, você seria olhado com desprezo. Muitos diriam, inclusive, que isso é papo furado de RH e psicólogos.
Agora, muitas organizações estão começando a pagar um preço muito alto por terem deixado de dar ouvidos a essas questões, principalmente quando falamos das novas gerações – mais especificamente a Y, que já ocupa boa parte do ambiente organizacional.
Mas a grande questão é: o que fazer para mudar esse cenário e construir um futuro de sucesso em conjunto?
Existem três pontos que são essenciais para que profissionais e empresas possam sobreviver por muito mais tempo e, de fato, aumentar seus resultados.
O primeiro ponto a ser analisado é a adequação vocacional. Será que você, profissional, conhece de fato seu talento e reconhece suas competências e limites? Será que você, líder, está alocando as pessoas certas nos lugares certos?
Uma grande parte dos profissionais não está ocupando o espaço que deseja dentro da empresa. Muitos aceitam essa condição por uma questão de necessidades básica, porém, já estão sofrendo consequências dessa decisão. As organizações também sofrem com isso, pois passam a ter em seu quadro funcionários desmotivados e improdutivos.
O segundo aspecto diz respeito ao planejamento de carreira – e isso é diferente do plano de carreira! Será que você, um profissional que deseja crescer e alcançar o topo da empresa, já planejou os seus passos para os próximos 3 ou 5 anos? Será que você, líder e responsável maior pelo crescimento da companhia, já dialogou com seus colaboradores para saber se sua empresa faz parte do plano de carreira ou da vida deles? Você já se perguntou se pode contribuir com isso?
E o terceiro ponto é a saúde emocional e física. É quase impossível para uma empresa e para seus colaboradores suportarem por muitos anos essa desconexão, com falta de visão e de alinhamento de valores e propósitos. A consequência disso pode ser vista no aumento do consumo de medicações para combater o stress, a depressão e outras doenças psicológicas que estão cada vez mais populares.
Para reverter essa situação, é preciso, antes de qualquer coisa, aceitar que ela existe. Como profissional que deseja crescer profissionalmente, você deve estar ciente que é também responsável pelo seu futuro. As partes devem entender que o sucesso é uma via de mão dupla, que é preciso muito diálogo e disponibilidade de todos.
Essa estratégia pode ser uma das mais baratas e rápidas de ser colocada em prática. É uma simples questão de disposição para escutar e ser escutado.
*Maurício Sampaio é coach de carreira, palestrante, escritor e fundador do InstitutoMS de Coaching de Carreira. Já publicou os livros “Escolha Certa”, “Influência Positiva – Pais & Filhos: construindo um futuro de sucesso” e “Coaching de Carreira”.