O que leva executivos, formados nas melhores universidades, a jogar a ética e a moral no lixo?
Quando um país inteiro perde a ética, o resultado é a sua destruição total. A Alemanha nazista é um bom exemplo. Com empresas e executivos que perdem a ética, o resultado é semelhante. Podem crescer durante certo tempo, mas a ruína será inevitável. A recente prisão de diretores e presidentes de empresas nos levam a refletir sobre o tema.
O que leva executivos do mais alto gabarito, formados nas melhores universidades, a jogar a ética e a moral no lixo, a destruir suas carreiras e sujar seus nomes? Aumentar o faturamento da empresa, vaidade, cumprir ordens ou receber um bônus milionário? Gostaria de traçar um paralelo com a Alemanha nazista.
Em meados do Século XX, era um dos países mais civilizados e cultos do mundo ocidental. Em determinado momento, os alemães tomaram o caminho oposto ao da Civilização. Tornaram-se bárbaros. Iniciaram a II Guerra Mundial, cometeram o Holocausto, causaram a morte de 50 milhões de pessoas e por consequência, a própria destruição.
Como chegaram a isso? Abandonando a ética
Em 1918 a Alemanha saiu derrotada da I Grande Guerra e foi obrigada a pagar uma indenização extraordinária. Sua economia entra em colapso. O país é atingido pela hiperinflação. Para comprar um quilo de pão é preciso milhões de marcos. O desemprego, a crise e o desespero tomam conta da população. A massa desesperada não enxerga saída. Só um milagre, um salvador da pátria, é capaz de tirar o país dessa situação. E eis que ele surge! Um mentiroso, com falsas promessas, porém carismático, um líder natural, grande orador, que fala exatamente o que o povo quer ouvir. Seu nome, Adolph Hitler.
Talentoso, ele consegue agradar ao mesmo tempo as elites e os proletários, os intelectuais e os ignorantes. Mas para isso é preciso ultrapassar os limites da ética e da moral. Ele o faz, sem nenhum escrúpulo, e consegue levar o povo a acreditar nele. Por pior que seja a crise, não existem benefícios que compensem a perda da ética, pois no final a destruição é certa, como foi na Alemanha nazista.
Hitler, como os ditadores costumam fazer, criou um inimigo externo que era o culpado por todos os erros e dificuldades da Alemanha. “Se estamos nessa situação difícil, o culpado não somos nós, são eles”. E na Alemanha nazista quem eram “eles”? “Eles” eram os judeus e os comunistas. O segundo passo foi convencer o próprio povo alemão eram superiores, portanto mereciam conquistar o mundo. E como um povo tão civilizado acreditou nisso? Além do carisma de Hitler, falsas promessas, mentiras sem fim e muita propaganda. Foi prometido fartura e fortuna. O III Reich seria um Império de 1.000 anos, vasto em terras aráveis no Leste Europeu, com milhões de escravos para servi-los.
Sem ética e sem moral não existe civilização. E o oposto da civilização é a destruição. Quando uma empresa abandona a ética para realizar seus negócios, quando uma corporação se utiliza de artifícios ilegais para conquistar mercado, quando a diretoria abandona os códigos morais de conduta, o resultado aparece, mas é efêmero. Não resiste muito tempo.
O exemplo vem do líder. É decisão dele usar seu talento para o bem ou para o mal. É uma decisão das lideranças agirem com ou sem ética. Com ou sem moral. Caso o caminho escolhido pela sua empresa seja abandonar a ética, siga seus parâmetros morais de conduta e abandone o barco. Não tenha medo de lutar contra isso. A História mostra que sem ética, caminhamos inexoravelmente para a destruição.
Marcio Pitliuk é palestrante, publicitário, cineasta e escritor. É profundo conhecedor da II Guerra Mundial e um dos maiores especialistas brasileiros sobre o Holocausto, temas onde busca inspiração para desenvolver suas palestras. www.marciopitliuk.com.br