A pandemia, aliada ao aumento do uso de videochamadas e conteúdos em vídeo, também contribuiu para ampliar a aceitação dessa prática.
Colunista Mundo RH, Leila Arruda, fundadora da Larruda Desenvolvimento Humano.
O mercado de trabalho está em constante transformação — e, com ele, as formas de apresentar habilidades e experiências também evoluem. Se por décadas o currículo em papel foi o padrão, o modelo digital assumiu protagonismo nos últimos anos. Agora, uma nova proposta começa a ganhar espaço: o videocurrículo. Mas será que essa ferramenta veio para ficar? Como ela está sendo utilizada e quais são suas reais vantagens e desvantagens?
O cenário atual: curiosidade e adoção gradual
Atualmente, o videocurrículo ainda não substituiu o currículo tradicional, mas já demonstra um interesse crescente, especialmente em setores que valorizam comunicação, criatividade e presença — como marketing, vendas, publicidade, mídias digitais e relações públicas.
Embora muitas empresas ainda não o exijam como padrão, algumas já o incluem como etapa complementar ou recurso opcional de destaque para candidatos que desejam ir além do formato escrito. A pandemia, aliada ao aumento do uso de videochamadas e conteúdos em vídeo, também contribuiu para ampliar a aceitação dessa prática.
O que os RHs têm a ganhar?
Personalidade em evidência: o vídeo permite que o recrutador conheça aspectos como comunicação, postura e desenvoltura do candidato antes mesmo da entrevista.
Diferenciação: em um mercado competitivo, um videocurrículo bem produzido pode destacar o candidato entre dezenas de currículos convencionais.
Demonstração de habilidades: ideal para quem precisa mostrar competências em oratória, criatividade e domínio de ferramentas audiovisuais.
Engajamento: vídeos objetivos e dinâmicos tendem a prender mais a atenção do que longos documentos escritos.
Otimização do tempo: em algumas posições, o vídeo pode acelerar a triagem inicial ao oferecer uma visão mais direta sobre o perfil do candidato.
Conexão mais humana: o formato ajuda a estabelecer uma conexão inicial entre candidato e recrutador, mesmo antes do primeiro contato pessoal.
As desvantagens do videocurrículo
Barreiras técnicas: nem todos os candidatos têm acesso a equipamentos adequados ou habilidades de edição para produzir um vídeo com qualidade profissional.
Exige tempo e esforço: planejar, gravar, editar e revisar um videocurrículo pode demandar mais tempo do que atualizar um currículo tradicional.
Risco de vieses: fatores como aparência, sotaque ou qualidade da produção podem gerar julgamentos inconscientes e discriminatórios.
Falta de padronização: cada vídeo é único, o que dificulta a uniformização na análise por parte dos recrutadores.
Análise mais complexa: assistir a vários vídeos consome mais tempo do que escanear documentos em busca de palavras-chave.
Inadequação para alguns setores: em áreas mais técnicas ou tradicionais, o videocurrículo pode ser visto como desnecessário ou inadequado.
O videocurrículo ainda não é regra, mas já pode ser considerado uma tendência em ascensão, especialmente em áreas que exigem criatividade e boa comunicação. Sua adoção depende do contexto, do perfil da vaga e da cultura da empresa.
Para os candidatos, o mais importante é avaliar cuidadosamente os prós e contras antes de optar por esse formato. Caso decidam utilizá-lo, é essencial investir em uma boa produção e seguir eventuais orientações da empresa quanto ao tipo de currículo aceito.
O currículo tradicional continua sendo a base dos processos seletivos, mas o videocurrículo pode funcionar como um diferencial competitivo em um cenário de recrutamento cada vez mais dinâmico, digital e voltado à experiência.