Liderança e colaboração: uma reflexão sobre os papéis dinâmicos de líder e liderado no ambiente corporativo moderno, com base em estudos e pesquisas de 2024.
A definição dos papéis de líder e liderado dentro das empresas sempre foi tema de discussão, especialmente em um ambiente corporativo em constante transformação. Em 2024, diversas pesquisas e estudos trazem à tona uma reflexão mais profunda sobre as dinâmicas de liderança e como essas duas funções — que muitas vezes se sobrepõem — impactam o sucesso das organizações. Em um mundo de trabalho onde as hierarquias estão sendo constantemente redefinidas, como podemos determinar se somos líderes ou liderados? E, mais importante, como esses papéis moldam o futuro das empresas e a carreira dos profissionais?
A liderança em transformação
Tradicionalmente, a liderança foi entendida como o papel exercido por aqueles que ocupam cargos hierárquicos mais altos, com poder de decisão e influência sobre os demais. Contudo, a liderança hoje vai muito além da posição ocupada no organograma de uma empresa. Segundo o relatório Future of Leadership 2024, publicado pelo Instituto Global de Liderança (IGL), a liderança atual está mais associada a comportamentos, habilidades e mentalidade do que a títulos formais. O estudo aponta que 68% dos executivos entrevistados acreditam que a capacidade de influenciar e inspirar os colegas de trabalho é uma das principais características de um líder moderno, independentemente de seu nível hierárquico.
Esse mesmo estudo destaca que a liderança horizontal, onde a tomada de decisões e a responsabilidade são compartilhadas entre os membros da equipe, está se tornando cada vez mais comum nas organizações de sucesso. Um líder, nesse contexto, não é apenas aquele que dá ordens, mas sim aquele que orienta, apoia e inspira. Nesse sentido, a pergunta “sou líder ou liderado?” deixa de ser uma questão de cargo e passa a ser uma questão de comportamento e atitude.
Características de um líder moderno
Estudos recentes, como o relatório Global Leadership Forecast 2024, realizado pela consultoria DDI, indicam que algumas características são fundamentais para a liderança no atual cenário corporativo. Entre elas estão a inteligência emocional, a capacidade de adaptar-se rapidamente a mudanças e a habilidade de lidar com a diversidade e inclusão no ambiente de trabalho.
Além disso, a pesquisa aponta que 74% dos líderes globais acreditam que a liderança não se resume apenas a dirigir pessoas, mas a criar um ambiente onde todos possam crescer e se desenvolver. Essa visão reflete uma abordagem mais colaborativa e empática da liderança, em que a capacidade de ouvir, de se colocar no lugar do outro e de agir com empatia são tão importantes quanto a habilidade técnica.
No entanto, um dado alarmante também surge dessa pesquisa: 60% dos novos líderes sentem-se despreparados para assumir cargos de liderança. Isso revela que, embora muitos profissionais possuam potencial para liderar, nem sempre recebem o apoio e o desenvolvimento necessários para exercer esse papel de forma eficaz. O estudo ressalta a importância de programas de desenvolvimento de liderança dentro das empresas, focados não apenas em habilidades técnicas, mas também em competências comportamentais.
Liderado: papel passivo ou colaborativo?
Enquanto a liderança tem sido amplamente discutida, o papel do liderado também é essencial para o sucesso de qualquer organização. Muitas vezes visto como passivo ou secundário, o papel de quem segue um líder está mudando. O colaborador moderno não é mais apenas um executor de tarefas, mas também uma peça-chave no processo de inovação e crescimento da empresa. Um estudo da Gallup, divulgado em 2024, mostra que colaboradores mais engajados e proativos são 21% mais produtivos do que aqueles que atuam de forma passiva. A pesquisa também revela que os liderados que têm voz ativa e participam das decisões apresentam maior satisfação no trabalho e permanecem mais tempo nas empresas.
O conceito de liderança colaborativa também se expande para incluir a ideia de que um bom liderado não é simplesmente aquele que “obedece”, mas sim aquele que contribui, desafia o status quo e colabora para encontrar soluções. No relatório The Empowered Employee, divulgado pela PwC em 2024, fica claro que empresas que incentivam a autonomia de seus colaboradores e permitem que eles desempenhem papéis de liderança, mesmo sem cargos formais, apresentam maiores índices de inovação e competitividade no mercado.
Esse estudo reforça que, para muitos profissionais, o papel de liderado pode ser temporário ou rotativo, dependendo do contexto. Isso significa que, em um ambiente de trabalho colaborativo, todos têm a chance de liderar em algum momento, dependendo da situação. Um exemplo comum dessa prática é o modelo de gestão de projetos ágeis, onde diferentes membros da equipe assumem a liderança de acordo com suas especialidades e as demandas do projeto.
Líder ou liderado: um ciclo contínuo
Uma das reflexões mais importantes levantadas pelos estudos de 2024 é que ser líder e liderado não são papéis fixos. Ao contrário, são funções dinâmicas que podem mudar conforme as necessidades da empresa, da equipe e do próprio profissional. De acordo com o estudo Leadership in Flux, do Fórum Econômico Mundial, líderes bem-sucedidos são aqueles que conseguem ser liderados em determinadas situações, reconhecendo quando é o momento de confiar em outra pessoa para guiar o grupo.
Esse ciclo de liderança e seguimento é particularmente evidente em empresas que adotam metodologias ágeis, onde as decisões são tomadas de forma colaborativa e a liderança é fluida. Em tais ambientes, o papel de liderança pode ser assumido por diferentes pessoas a qualquer momento, dependendo das necessidades do projeto e das competências exigidas.
Isso também revela uma habilidade fundamental tanto para líderes quanto para liderados: a capacidade de saber quando liderar e quando seguir. Muitos líderes experientes afirmam que a humildade e o reconhecimento de que não sabem tudo são características essenciais para uma boa liderança. Isso está alinhado com o conceito de liderança servidora, que prioriza as necessidades da equipe e da organização, colocando o líder em uma posição de apoio, e não de controle absoluto.
O que os estudos de 2024 nos dizem sobre a dinâmica entre líder e liderado
Em 2024, uma série de estudos sobre liderança e os papéis dos liderados nas empresas reforçam a ideia de que os dois papéis estão cada vez mais interligados. A pesquisa Leading in a Hybrid World, da McKinsey, revela que a pandemia e o avanço do trabalho remoto aceleraram uma mudança significativa nas relações de trabalho. A liderança à distância, por exemplo, requer um novo conjunto de habilidades e uma abordagem diferente para manter os colaboradores motivados e produtivos.
Essa pesquisa indica que as empresas que conseguem criar ambientes de trabalho onde todos se sentem líderes de suas próprias funções tendem a ter melhores resultados. De acordo com o estudo, 84% dos funcionários entrevistados disseram que preferem trabalhar em empresas onde têm autonomia e oportunidades para liderar em suas áreas de expertise, mesmo que não tenham um título formal de liderança.
Essa mesma pesquisa sugere que as empresas que investem em programas de desenvolvimento para todos os funcionários, não apenas para aqueles em cargos de gestão, estão mais bem preparadas para lidar com as mudanças rápidas do mercado. Isso ocorre porque elas cultivam uma cultura de aprendizado contínuo, em que todos podem desenvolver habilidades de liderança.
Reflexão final: você é líder, liderado ou ambos?
Ao final dessa análise, a pergunta sobre ser líder ou liderado dentro de uma empresa se torna menos uma questão de posição e mais uma questão de atitude. Ser um bom líder envolve a capacidade de seguir, de colaborar, de ouvir e de adaptar-se às necessidades da equipe e da organização. Da mesma forma, ser um liderado eficaz envolve participar ativamente, contribuir com novas ideias e, em certos momentos, assumir a liderança quando necessário.
As pesquisas de 2024 mostram que o papel de liderança está se transformando, com um foco crescente em empatia, colaboração e flexibilidade. Em contrapartida, o papel de liderado está sendo revalorizado, com a ênfase na proatividade, autonomia e contribuição ativa para o sucesso da equipe.
Assim, a verdadeira questão que profissionais e empresas devem fazer não é apenas “quem é o líder?”, mas “como podemos criar um ambiente onde todos possam liderar e ser liderados quando necessário?”. Afinal, a chave para o sucesso organizacional reside na capacidade de reconhecer que todos, em algum momento, podem ser ambos.