Em palestras, cursos e apresentações corporativas, é muito frequente a utilização de vídeos. Há quem use trechos de filmes, videoanimação ou encenações autorais (produzidas pela empresa ou pelo próprio palestrante), vídeos que viralizaram nas redes sociais, sketch de humor ou números de musicais famosos. A diversidade é imensa e esse tipo de conteúdo está cada vez mais acessível a todos, tanto para produzir quanto para utilizar como recurso audiovisual em apresentações.
Mas será que os vídeos vêm sendo usados de forma efetiva? Para responder a essa pergunta, coloque-se na posição de alguém da plateia e lembre se já se fez as seguintes perguntas:
- Divertida essa cena, mas qual a finalidade?
- Por que usar uma cena tão longa?
- E o palestrante, em que momento vai demonstrar tudo o que sabe?
Para evitar que essas perguntas povoem a mente das pessoas da plateia e para aumentar a eficácia do uso dos vídeos em apresentações corporativas (em palestras, cursos ou reuniões), seguem algumas recomendações valiosas:
- Inove: com tantos compartilhamentos de vídeos nas redes sociais e nos aplicativos, um dos grandes desafios é usar um recurso que não seja “batido”. Por isso, procure tomar um cuidado adicional ao usar vídeos que viralizaram na internet (a chance de todos da plateia conhecerem é alta) ou ao selecionar cenas de filmes já “clássicos” em cursos. Para isso, explore a internet, navegue por links indicados, acesse os links dos links, assim você tem mais chance de encontrar algo original.
- Avalie a finalidade: mostrar uma cena apenas para descontrair, provocar riso ou dizer mais do mesmo pode ser uma estratégia altamente ineficaz. Procure sempre se perguntar:
- de que forma essa cena ajuda a explicar o conteúdo de minha apresentação?
- essa cena reforça que tipos de mensagens ligadas ao meu objetivo de comunicação?
- as reflexões a partir dessa cena contribuem de que maneira para o aprendizado da plateia ou para a sustentação dos meus argumentos?
Esses são alguns critérios para avaliar a pertinência do vídeo e são mais relevantes do que o quanto você gosta ou acha divertida a cena.
- Estime o tempo: se for apresentar durante 20 minutos, não faz sentido incluir 2 vídeos de 5 minutos cada, por mais incríveis que eles sejam. A plateia espera que o emissor da mensagem demonstre conhecimento, envolva os presentes e informe seu propósito. Não delegue ao vídeo a tarefa de comunicar.
Nesse exemplo de apresentação de 20 minutos, um vídeo de até 2 minutos pode funcionar muito bem para ilustrar uma explicação ou reforçar um conceito. Vale ressaltar que não há uma métrica perfeita da quantidade ou tempo máximo de vídeos, mas lembre-se de que o palestrante é o protagonista e sugere-se que ele deva falar por mais de 70% do tempo de apresentação.
- Explore as mensagens-chave do vídeo: isso pode ser feito antes ou depois de apresentar um vídeo, mas jamais deve deixar de ser feito. Ainda é comum ver palestrantes apresentarem uma cena muito interessante e rica para a discussão, mas não explorarem as mensagens, como se os receptores fossem entendê-las por si mesmos. Essa prática subestima o uso de um recurso tão valioso. Para evitá-la, você pode preparar essas mensagens-chave previamente e dizê-las, sem interação com a plateia, ou por meio de perguntas aos presentes sobre o que entenderam ou como relacionam a cena com o tema da palestra, promovendo, assim, interação. Em geral, a primeira opção é mais adequada para públicos maiores (que tendem a participar menos ativamente); a segunda, para públicos menores.
- Teste antecipadamente: salve o arquivo do vídeo que será usado em diversos locais e formatos, teste som e imagem antes de iniciar a apresentação no dispositivo que será usado para a apresentação. Assim, você evita o clássico constrangimento de clicar no vídeo e este não iniciar (por n motivos), de estar sem som, de iniciar com som altíssimo, etc.
Aplicando essas recomendações, você usará vídeos como recursos realmente eficazes e colherá elogios em suas apresentações. Boa sorte!
Vivian Rio Stella, Doutora em linguística pela Unicamp, com pós-doutorado pela PUC-SP, especialista em comunicação. Idealizadora da VRS Academy