Entrevista exclusiva com Andrea Iorio: Revelações sobre a transformação digital e inovação no mercado de trabalho

Por Redação Mundo RH 442 Visualizações
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Mariana Maciel – líder de marketing de conteúdo na divisão agro da Bayer Brasil e Colunista Mundo RH 

Mariana Maciel, colunista do Mundo RH, explora com Andrea Iorio os segredos da longevidade empresarial e evolução profissional na Era Digital

Por Mariana Maciel – líder de marketing de conteúdo na divisão agro da Bayer Brasil e Colunista Mundo RH

Muito mais do que palavras do momento! Todo o contexto da transformação digital e da inovação mudam o potencial de longevidade das empresas em seus mercados e dos profissionais que querem permanecer em evolução. Eu bati um papo com o Andrea Iorio, um dos grandes nomes desses temas, para saber no que devemos ficar de olho para não perder nosso espaço nesse cenário. Acompanhe a entrevista:

Mariana Maciel – O que um profissional que está começando em uma empresa ou começando sua carreira agora deve buscar aprender em relação ao contexto digital, para sair na frente?

Andrea Iorio – Para mim, existem dois lados do contexto digital que precisam ser trabalhados por esse profissional, começando em uma empresa ou em sua carreira: por um lado, o aspecto tecnológico em si, e por outro o aspecto das competências profissionais necessárias para ter sucesso neste cenário tecnológico. Ou seja, é preciso estudar a fundo o impacto da tecnologia (a forma em que gera valor para a empresa e para o cliente por exemplo; como ela maximiza receitas e reduz custos ou como ela irá evoluir no futuro próximo), para poder entender que tipo de profissional as empresas e o mercado de trabalho estão pedindo. Na medida que a tecnologia (Inteligência Artificial em primeiro lugar) já são melhores e mais eficientes do que a gente no desempenho de Hard Skills (competências técnicas), o que ganha importância são as Soft Skills, pois elas são insubstituíveis. Desde empatia para pensamento crítico até a colaboração para adaptabilidade, essas competências se tornam fundamentais para um profissional que deseja ter mais sucesso no mundo digital.

Mariana Maciel – Na sua experiência, quais áreas empresariais mais souberam aproveitar até hoje os impactos da transformação digital? E quais setores da economia?

Andrea Iorio –Na medida que observamos as áreas empresariais que melhor souberam aproveitar o impacto da transformação digital, notamos certamente a área de marketing como uma das áreas que adotou tecnologias digitais de forma pioneira (especialmente com ferramentas de marketing digital). Por outro lado, a área de operações das empresas tem abraçado a transformação digital com um certo pioneirismo, devido ao fato de que ferramentas digitais, particularmente de automação, ajudam a minimizar custos na área de operações. No que tange setores da economia, notamos uma tendência nos setores B2C (como varejo e  financeiro) a integrar a transformação digital antes de outros setores, pois eles interagem diretamente com o cliente – o que os torna mais responsivos a um cliente cada vez mais digitalizado. Setores B2B (como agro, farmacêutico e seguros, entre outros), chegaram um pouco depois à maturidade digital, mas estão hoje no meio dessa transformação.

Mariana Maciel – Quais são os principais entraves para a inovação no ambiente corporativo?

Andrea Iorio –Em meus workshops de inovação, trago uma dinâmica de mapeamento dos maiores obstáculos e entraves à inovação corporativa, e aqui coloco os 3 principais que surgem em quase todas as empresas:

1 – Medo do erro: culturas intolerantes ao erro, que não entendem que o erro pode ser importante no processo de inovação, não conseguem inovar na rapidez que empresas mais dispostas a aprender com os erros;

2 – Mentalidade de expert: um grande entrave nasce do fato de que os profissionais destas empresas “copiam e colam” suas decisões futuras a partir de seus sucessos passados – mas isso é um enorme risco, porque prejudica a inovação, já que o mundo muda e as receitas que funcionaram no passado não necessariamente se aplicam mais em um contexto atual.

3 – Dilema do inovador: mesmo que muitas organizações queiram inovar, elas caem no que era chamado pelo professor de Harvard, Clayton Christensen, de dilema do inovador, que é um entrave que faz com que empresas foquem demais nas ideias, mas não na execução (e mesmo tendo ideias inovadoras, não colocam elas em prática –  o que torna as empresas criativas, mas não necessariamente inovadoras).

Mariana Maciel – Como trabalhar na cultura de empresas e times para que abracem a inovação simples no seu dia a dia, além das grandes inovações de negócios e produtos?

Andrea Iorio –Em minha trajetória como líder (sou ex-Chief Digital Officer da Lòreal e ex-Diretor do Tinder na América Latina), presenciei diversos cenários nos quais pude reforçar a minha teoria de que transformação da cultura nas empresas pode e deve ser o primeiro grande passo para uma maior aceitação das transformações diárias que vivemos neste mundo cada vez mais digital. Em um papel de líder, nossa missão não pode se limitar a liderar apenas produtos e serviços, devemos liderar pessoas e através deste papel de enorme responsabilidade, demonstrar o comprometimento com a inovação. Aliás, demonstrar que não somente é possível como é algo que pode ser cultivado. E como isso pode ser aplicado na prática? Bem, algumas das formas podem ser as mais simples e mesmo assim acabam sendo as mais ignoradas dentro das organizações: um simples feedback positivo pode tornar sua equipe mais transparente, a demonstração de vulnerabilidade por parte do líder também pode gerar a confiança de uma equipe e confiança afasta o medo de apresentar novas ideias, que por sua vez, se tornam o caminho de uma empresa que abraça a inovação.

Mariana Maciel – Você vê alguma diferença geracional no ambiente de trabalho em relação à aceitação e evolução usando o digital e a inovação?

Andrea Iorio – A verdade é que cada geração traz perspectivas e abordagens únicas para a evolução digital. Vemos por exemplo os chamados Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964), tendo um abordagem bem cautelosa e hesitante em relação à tecnologia, ou seja, um grupo de pessoas que pode levar mais tempo a adotar certas mudanças necessárias dentro das empresas. Já as gerações X e Y (nascidos entre 1965 e 1996) são notoriamente conhecidos por terem uma adaptabilidade muito maior à inovação. São gerações que estão mais dispostas a correr o risco, experimentar, e principalmente facilitar a vida dentro do ambiente de trabalho com o uso de diversas ferramentas e até Inteligência Artificial. A geração Z (nascidos a partir de 1997) chegou para complementar a já mentalidade inovadora das gerações anteriores, mas agora com uma abordagem muito mais humana, onde eles se preocupam mais com saúde mental, com a ética e missão das empresas para as quais vão trabalhar, oferecem um lado mais atento ao consumo em geral e suas escolhas profissionais. Então eu diria que, criar um ambiente de trabalho que possua uma abordagem de liderança sensível às diferentes gerações pode facilitar a integração de inovação e trabalho em conjunto de pessoas e equipes de diferentes idades.

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