Rebecca Henderson e Steve Wozniak abrem segundo dia da HSM EXPO 2016
Quer tema mais popular do que sustentabilidade? Todo mundo fala disso, todos acreditam que algo precisa ser feito, mas o que as empresas podem fazer e o que, de fato, elas ganham se preocupando com isso? Foram esses os questionamentos que nortearam a palestra “Sustentabilidade como fonte de inovação empresarial”, que abriu o segundo dia da HSM EXPO 2016.
“Além de ser uma fonte de negócios, sustentabilidade é uma maneira de construir significado, envolvimento e uma forma de proteção da marca”, afirmou Rebecca Henderson, diretora da Business & Environment Initiative de Harvard.
Henderson concorda que atuar de forma sustentável não é tarefa fácil, mas fica bem mais factível quando a empresa tem um propósito. “As pesquisas nos mostram que uma empresa que adota um propósito com foco moral e que seja autêntico tem vantagens que vão do maior envolvimento dos colaboradores ao aumento de lucratividade”, disse.
Mas é preciso paciência, alertou. “O propósito impulsiona a inovação, mas o foco é no longo prazo. Se as empresas decidirem não contratar trabalho infantil, não pagar propina e não destruir florestas para a plantação de sojas, elas podem causar mudanças sociais incríveis.”
E fez-se a Apple
Steve Wozniak falou a um auditório absorto em ouvir as histórias do co-fundador da Apple e de como esse visionário do Vale do Silício enxerga o futuro da tecnologia. Tímido, ele contou que suas primeiras invenções foram ainda na infância e de que usava essa habilidade como forma de se aproximar das pessoas. Foi assim que aos 11 anos montou a sua própria estação de radioamador e, aos 13, construiu o seu primeiro computador.
Tudo ganhou projeção a partir do momento em que Wozniak, que cursava Engenharia, leu por acaso sobre uma tal “caixinha azul” que, acoplada a um telefone, possibilitava a realização de chamadas para qualquer local do mundo. “Fiquei chocado, contei paro o Steve Jobs e começamos a montar muitas delas. Ganhamos o apelido de Nerd e Jobs, que sempre foi um vendedor, achou que devíamos comercializar aquilo.”
Ainda como funcionário da HP, enquanto trabalhava no desenvolvimento da calculadora científica portátil, Wozniak começou a desenvolver o Apple I. “Eu era uma estrela no desenho de computadores. Não falava para ninguém, mas construí um computador em poucas semanas. E eu dava meu projeto de graça porque queria que as pessoas construíssem a minha máquina para mudar o mundo. Mas ninguém se interessava, ninguém achava que o computador seria um negócio rentável. Apresentei o Apple 1 para a HP e implorei, mas eles recusaram cinco vezes”, conta.
Foi então que a dupla de Steve, o Wozniak e o Jobs, lançou a empresa. De semelhança, apenas o prenome. “Ele sempre quis ser uma pessoa importante, que levasse a humanidade para frente. Mas ele não queria estudar, era só uma vontade. Eu tinha minha filosofia de vida, e não tinha importância sucesso nem dinheiro. Para mim, o importante sempre foi a felicidade”, afirma Wozniak, atual cientista-chefe da Primary Data, na Califórnia, e que permanece à frente de seu tempo com estudos sobre o futuro da tecnologia e seu impacto na vida das empresas e das pessoas.
E por falar em futuro, para Wozniak, o desenvolvimento e uso dos veículos autônomos –que trafegam sem a necessidade de motorista- deve ser a grande inovação tecnológica. “É, de fato, a inteligência artificial que, nesse caso, vai ser muito mais segura do que a humana.”
Quando é hora de mudar
Com um currículo que consta a condução com êxito de dezenas de processos de reestruturação – em alguns casos chegou a atuar como CEO interino de seus clientes – Claudio Galeazzi falou sobre os desafios envolvidos nesse trabalho de repensar uma estrutura organizacional. Tudo começa, segundo ele, quando o empresário não tem consciência de que o negócio não terá sucesso futuro a menos que ele se atualize.
Quando ninguém reflete sobre os caminhos, afirmou, os sintomas começam a aparecer, como queda nas vendas e aumento nos estoques, nos custos e nas despesas. E as mudanças devem, se necessário, estarem sobrepostas à cultura e tradição da empresa. “Elas têm de ser respeitadas até o ponto em que não prejudiquem os negócios. Se prejudicarem, têm de ser desconsideradas.”
E é exatamente nesse momento de escassez que se consegue vislumbrar quem são os líderes, afirma Odino Marcondes, sociólogo e consultor. Em sua fala, ele destacou que grandes líderes sempre surgem e atuam em contextos de escassez. “A abundância, pela própria característica, é o território do burocrata, que não precisa criar. Ele apenas transfere. Mas na escassez de recursos, esperança, liberdade e futuro é que são forjados os grandes líderes, a exemplo de Mandela e Martin Luther King.”
Quem financia meu sonho?
Ter um projeto visionário, comunicá-lo de forma apropriada e fazer com que esse sonho alcance o mundo. Esse é o caminho trilhado por aqueles que conseguiram emplacar suas ideias nas plataformas colaborativas. Luis Justo, CEO do Rock in Rio, contou ao público da HSM EXPO o caso do Amazonia Live, um projeto socioambiental que promoveu plantio de árvores no Xingu. O lançamento aconteceu em plena Floresta Amazônica, com orquestra sinfônica e cantores internacionais.
“Isso mostra que se você tem um propósito que gere reputação e credibilidade e sabe como divulgar isso, consegue adeptos. O caso da Amazonia Live foi pensado para ser uma plataforma colaborativa com um projeto grandioso que surge por conta de um problema que todos conhecem”, concluiu.