Motivos para as empresas pensarem em como a tecnologia pode ser aliada para a inclusão
A tecnologia pode ser um meio de transformação social em vários sentidos, mas nos quesitos acessibilidade e inclusão ela pode ser uma aliada especialmente poderosa. No próximo dia 21 de setembro é celebrado o Dia Nacional das Pessoas com Deficiência (PCDs) e a data pode ser uma oportunidade para se pensar na inclusão dos PCDs a partir das soluções tecnológicas e a partir da inserção no mercado de tech.
A Softplan, uma das maiores empresas de software do país, por exemplo, vem apostando não só na diversidade do time como na acessibilidade dos softwares. “Fazer software requer muita dedicação, e fazer softwares que sejam acessíveis não é diferente. Mas isso é necessário. A tecnologia pode e precisa ser uma ferramenta de inclusão”, destaca Maurício Sá Peixoto. Graduado em Gestão da Tecnologia da Informação, Maurício é deficiente visual e atua na área de programação da Softplan. Ele trabalha como analista de testes, junto com outros dois profissionais que também têm deficiência visual. Eles atuam para garantir a acessibilidade dos programas desenvolvidos, ou seja, para que qualquer pessoa possa acionar normalmente botões, links por comandos do teclado, ter acesso às imagens por meio de textos alternativos, preencher formulários e etc.
Para Maurício, “a acessibilidade web precisa ser pensada desde o início do projeto e não como algo adicional que pode ser pensado depois”. Ele complementa: “É preciso uma mudança de cultura por parte dos desenvolvedores, designers, gestores de projetos e os demais envolvidos na concepção do produto, para terem a consciência que pessoas com deficiência são usuárias dos sites e que, se os padrões de desenvolvimento web forem seguidos corretamente, a maioria das barreiras de falta de acessibilidade na web estarão resolvidas. Acessibilidade não é um favor e nem opcional, estando prevista, inclusive, na lei”.
Para ele, a maior acessibilidade e a maior a inclusão passam também pela diversidade dos times de colaboradores das empresas. “Aqui na nossa equipe, estamos sempre buscando a inclusão, mostrando a importância de se ter uma equipe diversa e que respeite as diferenças”, conclui o colaborador da Softplan.
Inserção no mercado
Na HostGator, um dos principais provedores de hospedagem de sites e outros serviços relacionados à presença online do mundo, há uma preocupação em oferecer igualdade de oportunidades. Todas as vagas na empresa são abertas a profissionais sem distinções, PCDs ou não, e todo o espaço físico da sede da empresa na América Latina, em Florianópolis, foi pensado na acessibilidade. Além disso, a empresa realiza treinamento técnico direcionado para os portadores com deficiência auditiva, para facilitar a integração aos processos da empresa. Há também um canal aberto para os profissionais compartilharem suas experiências e tirarem dúvidas, especialmente no período de experiência na empresa.
A Ahgora, empresa dedicada ao desenvolvimento de aplicações para aumentar a eficiência operacional das organizações, se dedica para oferecer igualdade de oportunidades. No momento, são três PCDs na empresa e a expectativa é aumentar ainda mais esse time nos próximos meses, já que as vagas são direcionadas a todos os públicos. Lucas Alves, que tem perda auditiva moderada, atua como auxiliar de produção na Ahgora. Ele acredita que o setor de tecnologia pode ser um bom caminho para a inserção de todos no mercado de trabalho. “A área de tecnologia oferece bastante oportunidade de emprego e traz a chance de ocupar uma boa posição no mercado”, destaca o estudante de Engenharia Eletrônica.
Games para inclusão
Giovanna encontrou nos games uma saída para se exercitar, “ já que não posso praticar esportes como os outros, minha atenção se volta mais para os games, que exercitar meu cérebro e me diverte também”, conta a jovem, que tem uma leve deficiência na perna. A estudante de 16 anos sempre gostou de jogos. Quando conheceu o Comitê para Democratização da Informática (CPDI) percebeu a oportunidade de aprender a desenvolver, e sair do papel de jogadora para o de produtora. Foi assim que começou o curso Aprendendo a Programar; e em dois meses desenvolveu dois jogos diferentes “algumas vezes até pensei em desistir porque era um desafio pra mim, mas vi como o curso dava resultado e como há mercado de trabalho na área, e fui em frente”. A jovem finaliza dizendo que agora, sempre que joga um game, tenta entender como ele foi feito.