Eleita LinkedIn Top Voice na área de Carreiras, em janeiro de 2021, Daniele Avelino, especialista em RH, Diversidade e Inclusão, fala sobre a importância da divulgação de vagas afirmativas nos processos de recrutamento
Depois de bloquear um anúncio de vagas de emprego que dava prioridade para negros e indígenas e, por conta disso, receber uma enxurrada de mensagens de empresas de RH contra essa medida, além de ser questionado pelo Procon-SP e Ministério Público Federal (MPF), o Linkedln voltou atrás e atualizou sua política global de anúncios de vagas. Em um comunicado a rede social afirma que: “No Brasil, agora são permitidas vagas afirmativas, inclusive para pessoas negras e indígenas”.
O episódio marcou uma discussão recorrente entre recrutadores de RH sobre a importância da função desse tipo de vaga em processos de recrutamento no Brasil, que historicamente tem dívidas com grupos minoritários no que diz respeito à inclusão social. Pela constituição, o Estado precisa promover ações afirmativas como as cotas nas universidades públicas. No entanto, no setor privado, embora existam leis que obrigam a contratação de PcD’s (Pessoas com Deficiência), não há outras leis que obrigam a contratação de outras minorias no mercado de trabalho, ou seja, não existe uma lei obrigando a contratação de pessoas de grupos que sofreram e ainda sofrem com a falta de oportunidades no mercado de trabalho. Porém, há uma forte tendência de um número cada vez maior de empresas adotarem medidas inclusivas.
“As vagas afirmativas existem para que o recrutador faça a contratação intencional e, ao mesmo tempo, consiga fazer a inclusão na prática. No entanto, não se trata só de uma palavra bonita. A vaga afirmativa funciona como uma reparação histórica, para combater a discriminação, seja ela qual for, por meio de políticas sociais que promovam a inclusão das minorias”, afirma Daniele Avelino, especialista em Recursos Humanos, Diversidade e Inclusão.
Para Daniele, no entanto, as vagas de trabalho deveriam ser acessíveis para todos, sem exceção. Ainda, de acordo com a especialista, a atualização por parte do Linkedln da política global de publicação de vagas significa uma evolução, ainda que pequena, no processo de recrutamento de grupos historicamente excluídos.
“Sim, é um avanço, em se tratando de um país como o Brasil, onde constitucionalmente somos autorizados por meio de políticas afirmativas a vencer as barreiras impostas pela desigualdade social e racial. Existem leis que nos ajudam a promover a igualdade e consequentemente trazer a prática de Diversidade e Inclusão. Todas as ações que vemos no nosso país relacionadas à minoria no mercado de trabalho, têm respaldo da lei para que aconteça. Quando o LinkedIn reconhece e atualiza a sua política global de publicação de vagas, olhando para o contexto do Brasil, significa que está dando a oportunidade para que as empresas adotem práticas que promovam a inclusão dos grupos sub-representados”, destaca.
De acordo com Daniele, a mobilização das empresas neste caso do Linkedln foi fundamental, pois a iniciativa contribuiu para que a plataforma se posicionasse em relação ao tema. “Foi de extrema importância esta mobilização, pois contribuiu para cobrar da plataforma um posicionamento. Esta desigualdade se faz presente em todas as esferas e no LinkedIn não seria diferente e, por isso, o posicionamento se fez necessário, para cobrar as ações. E é nas ações de políticas afirmativas que conseguimos combater as desigualdades social e racial no Brasil”, afirma.