Demissão incomum: quando ser excelente demais se torna um impedimento
Da redação Mundo RH
Querido colaborador,
Hoje, nossa reunião é diferente. Você, sem dúvida, tem superado todas as expectativas, entregando resultados que transformam, inovam e propõem novos caminhos. Mas, acredite ou não, estamos aqui para dizer que a nossa empresa não merece ter você.
Estranho? Sim, é. Mas vamos esclarecer. Você é aquele tipo de profissional que se destaca não apenas pela competência, mas pela capacidade de inspirar aqueles ao seu redor. Isso é raridade, é tesouro em tempos de produtividade robótica. No entanto, parece que nossa empresa, com sua estrutura engessada e visão limitada, está mais preparada para acomodar o medíocre do que para elevar-se à altura de seu potencial.
Não, não estamos questionando sua adequação ou sua performance. Pelo contrário, estamos demitindo você precisamente porque você é bom demais. E como pode uma empresa demitir alguém por ser excepcional? Bem, é o medo. O medo de mudança, o medo da disrupção que um verdadeiro talento traz. Aqui, preferimos navegar em águas calmas e previsíveis do que surfar as ondas desafiadoras da inovação que você propõe.
Você questiona processos, não porque quer ser difícil, mas porque vê formas de sermos melhores. Você desafia seus colegas a crescer, não por competição, mas porque acredita no potencial de cada um. Você não se contenta com o “sempre foi assim”. Para você, cada “sempre” é uma oportunidade de “poderia ser”. Isso, infelizmente, é muito para nós.
Então, aqui estamos, paradoxalmente reconhecendo que você é a peça que qualquer empresa em sã consciência deveria querer, mas também admitindo, não sem certa vergonha, que vamos deixá-lo ir. Por quê? Porque ainda não aprendemos a valorizar quem realmente faz a diferença. Ainda estamos aprendendo a ser menos sobre política e mais sobre progresso. E esse aprendizado é lento, dolorosamente lento.
Você, com suas ideias brilhantes e sua energia incansável, merece mais. Merece um lugar onde o status quo é o que está sempre em cheque, e não a inovação. Um lugar onde seu talento não só será apreciado, mas essencial.
Assim, hoje, não lhe oferecemos uma carta de demissão, mas um pedido de desculpas. Desculpe por não ser a empresa que você merece. Desculpe por reter seu crescimento em vez de impulsioná-lo. E, talvez egoisticamente, desculpe por nos privarmos de um futuro brilhante ao seu lado.
Desejamos a você um futuro onde sua capacidade de questionar, transformar e inspirar seja a norma, não a exceção. Onde você não só encaixe, mas onde você defina o molde.
Com respeito e uma ponta de arrependimento,
[Seu (ex) Gerente de RH]
Esta crônica, caros leitores, é um alerta: no mundo dos recursos humanos, às vezes, os melhores são dispensados não por falta, mas por excesso de mérito. Que tipo de empresa queremos ser? Aquela que dispensa o brilhantismo, ou aquela que o acolhe e o cultiva? A decisão é nossa.